02.09.2010 Política
Criado para promover a ética e garantir o controle dos gastos do Governo do Ceará, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) deveria ser sinônimo de equilíbrio e maturidade. Do último ano para cá, entretanto, sucessivas brigas e acusações entre os conselheiros da Corte abriram uma crise que pode ir parar na Justiça.
O mais recente episódio aconteceu na última terça-feira, quando o TCE resolveu, por 4 votos a 2, recusar um pedido de suspensão da licitação para compra de cinco scanners fiscalizadores para a Secretaria da Fazenda do Estado (Sefaz).
Na ocasião, o conselheiro Alexandre Figueiredo quis saber por que não foi convidado para uma reunião, realizada pela manhã, entre a Sefaz, o presidente do TCE, Teodorico Menezes, e os quatro colegas que ? ao contrário de Alexandre ? votaram a favor da licitação.
A relatora do processo, conselheira Soraia Victor, também reclamou por não ter sido informada da reunião. A partir daí, a confusão tomou conta do TCE.
Rompido com Soraia há cerca de um ano ? desde que, ao O POVO, ela questionou a suposta falta de critérios técnicos em decisões do TCE ?, Teodorico disse que não a chamaria para qualquer reunião em seu gabinete.
Ao O POVO, Soraia afirmou que o voto dos colegas favorável à licitação ?veio pronto? do encontro. ?Eles votaram sem nenhuma fundamentação, nenhuma discussão?, criticou. Soraia disse ainda que tem sido isolada na Corte e que está ?juntando elementos? para, possivelmente, entrar na Justiça contra a situação.
O bate-boca continuou entre Teodorico e Alexandre, que chegou a insinuar que os colegas ?combinaram? o voto.
Procurado ontem, Teodorico disse que a reunião foi solicitada pela Sefaz e que, durante o encontro, os conselheiros apenas assistiram à exposição dos argumentos do órgão.
Ele negou que tenha havido acordo sobre o voto, argumentando que o processo é antigo e que todos já tinham entendimento prévio sobre a situação. O presidente alegou, ainda, que já se entendeu com Alexandre e que o colega teria se ?confundido? ao dizer que não foi convidado ao encontro. Sobre Soraia, Teodorico disse que não a chamou porque ela já havia conversado, antes, com setores do Governo sobre o tema.
O POVO procurou Alexandre Figueiredo ontem, porém ele não atendeu o celular.