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Iraniano preso pela Polícia Federal responde a 12 processos

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14.08.2010 Fortaleza
O iraniano preso pela PF na última quinta-feira responde a 12 processos na Justiça. Há acusações por exploração sexual, estelionato, contrabando, descaminho, uso de documento falso, entre outros crimes. Segundo a 12ª Vara Criminal, desde julho de 2009 havia um mandado de prisão em aberto contra o empresário
Tiago Braga –
A ficha criminal do iraniano Farhad Marvizi, 46, preso pela Polícia Federal na última quinta-feira, 12, é extensa. O empresário, acusado de mandar matar 11 pessoas em Fortaleza, responde a pelo menos 12 processos na Justiça por crimes que teriam sido cometidos entre os anos de 2000 e 2009. Há acusações por exploração sexual, estelionato, contrabando, descaminho, uso de documento falso, furto e porte ilegal de arma de fogo. Mesmo com tantos processos, o iraniano estava solto quando a PF deflagrou a operação Canal Vermelho, na madrugada da última quinta-feira.
?É porque há brechas na lei que deixam os criminosos impunes. E isso estimula ainda mais o crime?, lembrou o promotor de Justiça do Ministério Público Estadual (MPE), Walter Filho. O iraniano esteve detido pelo menos três vezes. A última foi no ano passado, quando ele foi preso em flagrante acusado de explorar sexualmente duas adolescentes. O empresário passou exatos 56 dias na cadeia. A defesa conseguiu a liberdade provisória e Farhad foi solto no dia 20 de maio de 2009.
O caso é ainda mais grave porque o iraniano deveria ter ficado em liberdade por apenas 44 dias. Em 3 de julho, a Justiça revogou a liberdade provisória alegando que o iraniano teria descumprido uma das condições previstas no Código Penal. A 12ª Vara Criminal, responsável pelo processo, não informou qual. O fato é que foi expedido um novo mandado de prisão preventiva e, mesmo assim, Farhad continuou solto até a última quinta-feira.
Segundo o diretor de secretaria da 12ª Vara Criminal, Fernando Costa, o mandato foi encaminhado para a Delegacia de Capturas e Polinter, no Centro. ?Muitos mandados ficam em abertos, sem nunca serem cumpridos. O sistema é falho?, contextualizou o promotor Walter Filho.
O superintende da Polícia Civil, Luiz Carlos Dantas, desconhece a existência desse mandado. ?Se tivesse chegado no fim da manhã, no início da tarde a pessoa estaria presa. Isso, claro, se ela estivesse localizável?, diz. Na noite de ontem, Dantas prometeu que verificará se realmente o mandado foi enviado à Delegacia de Capturas.
Após a data de expedição do documento, o iraniano teria mandado matar pelo menos três pessoas, conforme as investigações da Polícia Federal. O empresário Francisco Francélio Holanda Filho, 44, e o casal Carlo José Medeiros Magalhães, 41, e Maria Elisabete Almeida Bezerra, 35, foram assassinados depois do dia 3 de julho de 2009. O inquérito da PF aponta Farhad como líder de uma organização criminosa que executava quem atrapalhasse ou interferisse nos seus negócios. O ramo é o de eletroeletrônicos.
FARHAD MARVIZI
> Dos 12 processos, três tramitam na Justiça Federal e o restante na Estadual.
> O iraniano também havia sido preso em flagrante nos anos de 2000 e 2006.
> O POVO tentou entrar em contato com a Polícia Federal.A PF pediu que a reportagem encaminhasse a demanda por e-mail. Até o fechamento desta edição, não houve retorno.
> A reportagem também entrou em contato com a Delegacia de Capturas, na noite de ontem, mas ninguém atendeu às ligações.
> Segundo o advogado do iraniano, Flávio Jacinto, seu cliente ainda não foi ouvido pela PF. Somente depois disso é que a defesa analisará se pedirá a revogação da prisão preventiva.
> Além do iraniano, outras 10 pessoas foram presas na operação da PF, entre elas dois policiais militares. Segundo a PF, os PMs se envolviam nas execuções. A organização criminosa contrabandeava produtos eletroeletrônicos.
NÚMEROS
56
DIAS O IRANIANO FICOU NA CADEIA EM 2009 ACUSADO DE EXPLORAR SEXUALMENTE DUAS ADOLESCENTES