Devolvendo esperanças
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- 27-10-2010
27.10.2010 Política
Antes, existia a esperança. Hoje, nem isso. Nasce uma OAB sem perspectiva no consulado que acaba se instalar à frente da instituição. Valdetário Monteiro prometeu renovar metas esquecidas pelos antecessores. Nada, absolutamente nada, emergiu da cova rasa onde se guarda, a não ser a decepção. Sobre ela, a coluna reportou-se em junho: ?Valdetário Monteiro preside a OAB com preocupação voltada para os advogados do batente. A greve dos serventuários da Justiça consumiu os neurônios do presidente, que usou de muito tato para não se atritar com o TJCE. Pisou em ovos, mas dialogou de forma discreta e competente?. Hoje, não lhe daríamos o mesmo crédito. A OAB está horrível, e muito pior o seu presidente. Ao se afastar de prerrogativas institucionais, marcha para o obscurantismo dos ditadores. Como se explicar a usurpação da cidadania do advogado, retirando-lhe o direito de votar para escolher os representantes do quinto constitucional? Abandona o princípio democrático do voto direto para acolher a fórmula casuística dos generais da revolução de 64, impondo o regime da eleição indireta, castrando do advogado o direito de legitimar a escolha do seu representante no Tribunal de Justiça. Não se sabe onde estava com a cabeça nem quais os elementos que contribuíram para o Sr. Valdetário assumir uma postura de beira de abismo. É certo que o ?general? Valdetário não dispõe de atos institucionais para fazer valer vontades pessoais pela força. Ele abriu um debate desgastante que não é bom nem interessa aos operadores do Direito. No entanto, não devem seus opositores jogá-lo aos leões do Coliseu. Chegou onde está, com invejável histórico de mérito e valorização pessoal, itens essenciais que contribuíram para o seu reconhecimento profissional. Não podemos perdê-lo sem para juntos construir a OAB das suas promessas eleitorais, crendo na remissão dos pecadores. É um dever recuperá-lo em nome da cautela que deve orientar os envolvidos num episódio que poderá degenerar para o desprestígio da instituição, sem fazer desta lamentável crise um cavalo-de-batalha. Só assim poderemos devolver esperanças.