Detento é torturado e morto
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- 18-01-2010
Polícia Pág. 16 16.01.2010
Crime ocorreu durante a madrugada e, pela manhã, os presidiários iniciaram um motim, logo contido pela Polícia
Uma briga entre detentos que cumprem pena em regime semiaberto na Colônia Agropastoril do Amanari, em Maranguape, na Região Metropolitana de Fortaleza, resultou na morte do preso Flávio Marcílio Ferreira da Silva, 36. O corpo dele foi encontrado na manhã de ontem em frente ao xadrez de número dois, enrolado em um colchão e com várias perfurações de ´cossoco´ (arma artesanal) e apresentando, ainda, queimaduras.
A unidade penitenciária, que foi palco recente de fugas e motins, foi interditada por ordem do juiz da Vara das Execuções Penais, Corregedoria dos Presídios e Habeas Corpus, Luiz Bessa Neto, em novembro de 2009. Porém, o magistrado deu um prazo de, até dois anos, para que o local seja totalmente esvaziado pela Secretaria da Justiça.
Permanecem
De acordo com a ordem do juiz, nenhum preso entra mais no Amanari. Enquanto isso, 330 detentos ainda estão no local, 85 deles em ambiente fechado, conhecido como ´Presídio´, e os demais trabalhando soltos. A passagem para a área aberta da Colônia depende de uma triagem realizada pela direção.
“Não são todos que podem sair para trabalhar aqui fora. Depende do comportamento e do surgimento de vagas. Quando os presos que estão aqui são soltos, trazemos detentos do presídio para esta parte da unidade´, explica o diretor da unidade, José Irandir Falcão. Segundo ele, o corpo do preso Flávio Marcílio foi encontrado do lado de fora do xadrez. “Segundo as primeiras investigações, ele dividia a cela com mais 25 detentos e fez inimizade com quase todos eles. Todos os presos afirmaram que tiveram participação na morte. Portanto, serão autuados em flagrante por homicídio na delegacia de Maranguape”, afirmou.
Um dos motivos das desavenças, conforme Falcão, era a cobrança de pedágios (cobrar dinheiro para obter benefícios) a outros presos. O detento estava no Amanari desde outubro de 2008, onde cumpria pena por homicídio. Na hora da descoberta do corpo pelos agentes prisionais, um princípio de tumulto foi rapidamente contido por policiais militares da Companhia de Polícia de Guarda (CPG) e que contou com o reforço de PMs da Força Tática de Apoio (FTA), da 3ª Companhia do 6º BPM (Maracanaú), comandados pelo Sargento Gilberto Pereira, além do Pelotão da cidade de Maranguape.
Após conter o princípio de motim, houve nova contagem de presos e o local foi liberado para que os peritos da Coordenadoria de Criminalística (CC) fizessem os primeiros levantamentos sobre o homicídio.
De acordo com o perito Cordeiro Lima, o detento tinha os pés amarrados com fio e apresentava queimaduras no rosto, tórax e braços, possivelmente causadas por água quente. Além disso, segundo o perito, não foi possível precisar a quantidade de golpes. “Foram muitos”, resumiu.
FACILIDADE
Estuprador que matou a menina Alanis tinha fugido
A falta de estrutura do local permite que os presos transitem livremente, cometam crimes nas dependências da unidade e fujam com facilidade. De lá, em maio de 2008, o preso Antônio Carlos dos Santos Xavier, 30, o ´Casim´, fugiu e na semana passada raptou, estuprou e matou a menina Alanis Maria Laurindo, 5 anos. O presidiário havia sido condenado a 23 anos de prisão por um caso de estupro e atentado violento ao pudor.
Depois de passar quase oito anos no Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS), ´Casim” teve direito à progressão de regime e foi colocado no Amanari, de onde escapou sem nenhuma dificuldade. Dali, segundo as autoridades, só não foge quem não quer. Por conta disso, a Justiça determinou a sua desativação no prazo máximo de dois anos.
Inquérito
O inquérito que apura a morte da menina já está na fase de conclusão. Ontem, o delegado Lira Ximenes, titular do 12º DP (Conjunto Ceará), ouviu o pai da menina e outras testemunhas do caso, mas preferiu não mais fazer declarações à Imprensa. Já o acusado, permanece recolhido em uma cela individual na Casa de Privação Provisória da Liberdade (CPPL II), no Município de Itaitinga. Ele é observado 24 horas.
EMERSON RODRIGUES
REPÓRTER