Delegado precisará depor novamente
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- 24-11-2009
Fortaleza Pág. 05 24.11.2009
O delegado Francisco Cavalcante foi o primeiro a ser ouvido pelo Ministério Público, mas seu depoimento não pôde ser gravado por falha no sistema na Procuradoria. Ele e outros integrantes da Polícia Civil são acusados de fazer tortura contra presos
Os delegados Francisco Cavalcante e Alexandra Medeiros foram ouvidos ontem pelo Ministério Público (MP), na Procuradoria Geral da Justiça (PGJ), sobre envolvimento em suposta tortura contra quatro presos. Também foram ouvidos os inspetores Fernando Cavalcante, Marcos Feitosa Garcia e Carlos Daniel de Vasconcelos. Os depoimentos tiveram início por volta das 14 horas e foram concluídos às 20 horas.
A delegada Alexandra Medeiros e o marido dela, o inspetor Fernando Cavalcante, foram os primeiros a chegar à sede da PGJ, por volta das 13 horas. O delegado Cavalcante levou alguns documentos que, segundo ele, seriam usados para esclarecer de vez todos os motivos da crise na Polícia Civil.
Cavalcante foi o primeiro a ser ouvido. Seu depoimento durou pouco mais de três horas, mas não pôde ser gravado, por conta de falha técnica no sistema da procuradoria. O delegado deve prestar novo depoimento na próxima quarta-feira. “Vou ter de ser ouvido novamente. A gente mostrou fatos anteriores e posteriores sobre essas falsas acusações. Nós sabemos que existem bandidos envolvidos com a Polícia“, acusou o delegado.
Francisco Cavalcante comentou a liminar concedida pela Justiça que proíbe o delegado, Fernando Cavalcante e Alexandra Medeiros de citarem o nome do superintendente da Polícia Civil, Luiz Carlos Dantas, em entrevista à imprensa, sob pena de pagarem multa diária de R$ 5 mil. “Essa é uma posição da Justiça, que nem procurou nos ouvir. Eles agora querem até nos calar? Isso é uma estratégia, mas nós vamos continuar a nossa luta“, pontuou.
O inspetor Fernando Cavalcante disse que ele e sua mulher estão desmotivados com a Polícia Civil. Segundo o policial, o “inferno“ na vida deles começou desde que começaram a investigar o caso da morte do lagosteiro Cláudio Augusto Kment. “Não quero mais nada com a Polícia atual“.
Contradição
De acordo com Fernando Cavalcante, ele e Alexandra Medeiros não estiveram presentes durante a prisão de Otacílio Siqueira de Araújo, Francisco Gilson Justino e Francisco Lopes Justino. Em depoimento, os presos disseram que a delegada e o inspetor participaram das supostas torturas contra eles. “A gente pode provar tecnicamente que na hora da prisão deles (em um haras no Eusébio) nós estávamos na delegacia com o caseiro (Francisco da Silva Monteiro)“, informou o inspetor.
O POVO tentou várias vezes ontem à noite contato com o promotor André Karbage para saber os novos procedimentos do MP em relação ao caso, mas ele não atendeu o celular.