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Conflitos sociais em discussão

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30.11.2010 cidade
Homicídios entre jovens, violência contra a mulher e homofobia são os grandes eixos que serão abordados
Para discutir a problemática da violência contemporânea, o Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará (LEV/UFC) promove, a partir de hoje, o II Seminário Violência e Conflitos Sociais: Práticas de Extermínio.
De acordo com o coordenador do LEV, César Barreira, o seminário abordará três grandes eixos da violência, que são os homicídios entre jovens; a violência contra a mulher; e a homofobia, que é a violência contra homossexuais. Para ele, esses são problemas presentes no Estado do Ceará que trazem preocupação. “Sobretudo, os homicídios entre jovens, que aumentam a cada ano e hoje é uma das principais causas de morte”.
Para se ter uma ideia, 188 adolescentes morreram em 2010, no período de 1º de janeiro até hoje, na Grande Fortaleza. A violência contra as mulheres no Ceará também traz preocupações, segundo o coordenador. De acordo com dados do Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher da Comarca de Fortaleza, mais de 500 mulheres foram assassinadas no Estado, entre 2006 e junho de 2010. Em 2010, foram 94 homicídios, até junho.
Além disso, o encontro vai tratar de temas mais gerais, como drogas e mercado, juventude e metodologia ligada a pesquisas na área de risco. “Vamos falar também de um dos assuntos mais preocupantes da violência, que são os conflitos sociais”, completa Barreira. O seminário será composto por conferências, mesas-redondas e grupos de trabalho (GTs), ligados ao mundo da violência. Nos GTs, alunos de mestrado e doutorado apresentarão trabalhos.
Reunião
Fora isso, nos seminários, haverá uma reunião sobre Conflitos Sociais, Ações Coletivas e Políticas para a Transformação na América Latina, que contará com a participação do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (Clacso), a se realizar, hoje, no Hotel Mareiro, conforme informações do coordenador. “Pesquisadores de vários países estarão presentes no evento contribuindo para as discussões”, afirma César Barreira.
O LEV trabalha há mais de 15 anos com a temática da violência. O laboratório foi instituído pela necessidade de construir, no espaço acadêmico, um local que abrangesse estudos aprofundados sobre as temáticas que envolvem a violência, como conflitos sociais, direitos humanos e cidadania.
O seminário acontece no período de 30 de novembro a 3 de dezembro. A abertura será hoje, no Teatro do Centro Cultural Dragão do Mar de Arte e Cultura. Mesas-redondas e conferências ocorrerão no auditório Luiz Gonzaga, no Departamento de Ciências Sociais da UFC; e o encerramento, na Associação de Docentes da Universidade Federal do Ceará.
MAIS INFORMAÇÕES
Acesse o site: http://www.lev.ufc.br
ENTREVISTA
Mortes violentas têm altos índices em Fortaleza e na Região Metropolitana
1. O seminário vai trazer como tema os conflitos sociais, tendo como foco as práticas de extermínio. Como está o Estado do Ceará nesse tema?
Os conflitos sociais estão entre as cinco maiores ocorrências policiais existentes, como roubo, furto, lesão corporal e mortes violentas, que possuem altos índices em Fortaleza e na Região Metropolitana. As mortes classificadas pela Polícia como “ajuste de contas” entre bandidos estão ligadas às práticas de extermínio.
2. De que forma pensar em soluções para os conflitos sociais levando em consideração os direitos humanos?
No caso dos profissionais da área da Justiça e da segurança pública, a mediação de conflitos é a questão-chave. A mediação comunitária é uma ferramenta fundamental na resolução dos conflitos sociais. Esse exercício de bom senso, tolerância e cidadania não se faz dissociado da garantia e da promoção dos direitos humanos.
3. Que tipos de políticas públicas de segurança podem solucionar a violência no Ceará e no Brasil? Há saída?
Acho que o Rio de Janeiro está mostrando que, quando o poder público quer, ele faz. Então, no caso do Ceará, não acredito que não haja saída, principalmente se os gestores das políticas de segurança pública e os dispositivos policiais dialogarem com a sociedade.
Glaucíria Mota Brasil
Coordenadora do Labvida (Uece)