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Chances pequenas e esperança eterna de conseguir a adoção

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Fortaleza 03.07.2010
A diarista pôde voltar à rotina de trabalho ontem, 2. A mulher de 35 anos só sossegou quando conseguiu entregar os últimos documentos para dar entrada ao pedido da guarda provisória da menina recém-nascida, que ela encontrou num terreno baldio próximo de casa, ainda com o cordão umbilical. Passou o dia inteiro de quinta-feira, 1, indo de sala em sala no Fórum até conseguir abrir o processo.
Antes, passou a quarta-feira, 30, recolhendo a papelada que os defensores públicos haviam informado ser necessária. ?Só hoje consegui trabalhar, porque já estava mais ou menos tranquila. Eu sou diarista, sem vínculo com empresa. Então, quando não trabalho, também não ganho?, calcula ela, que diz não ter desistido de ir visitar a menina.
A rotina de visitas ela cumpre, religiosamente, todos os dias, desde a data que encontrou a criança, no último sábado, 26. ?Daqui (do trabalho, no bairro Antônio Bezerra), vou visitar minha bebê no hospital (Conjunto Ceará). Ela já deve estar sentindo a minha falta?. Ela diz que não vê a hora de chegar ao hospital, especificamente no berçário de médio risco, para poder acariciar a menina. ?Não posso segurar, mas posso passar a mão na cabeça, nos bracinhos dela?.
A abertura do processo foi feito em caráter de urgência. Isso porque, em breve, a menina deve ganhar alta do hospital e seria, a priori, enviada a um abrigo. Se a diarista conseguisse a guarda, levaria a criança para sua casa. ?A doutora mesmo falou que era um caso difícil de ganhar. Mas do mesmo jeito que as chances são pequenas, a minha esperança é eterna?.
A diarista se prepara para começar o curso obrigatório de preparação sobre adoção no próximo dia 9.
No Hospital Nossa Senhora da Conceição, a auxiliar de enfermagem Bárbara Beatriz disse que a criança estava bem, mas não sabia precisar quando se daria a alta. ?Acredito que seja em breve?, arrisca. Não havia médico no setor e nem havia previsão de chegar, até o fechamento da edição. Os obstetras se recusaram a passar informações.
ENTENDA O CASO
A diarista encontrou o bebê, por volta das 5 horas da madrugada do último sábado, num terreno que fica atrás do quintal da casa dela, na Granja Portugal.
Depois que encontrou a recém-nascida, ligou para o Ronda do Quarteirão. Os policiais levaram a criança até o hospital.
A diarista registrou Boletim de Ocorrência (B.O) no 12º Distrito Policial (DP). O caso será investigado pela Polícia. Segundo a diarista, nem ela, nem os vizinhos têm ideia de quem teria abandonado o bebê.
Na última terça-feira, ela foi ao Fórum obter informações sobre como adotar a menina e voltou desanimada. Foi informada que não terá prioridade na adoção. Por isso, decidiu recorrer à Defensoria Pública.