26.03.2011
Brasil
A violência doméstica e o uso de drogas são os principais motivos que levam crianças e adolescentes às ruas. De acordo com um censo da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República, cerca de 70% dessa faixa etária que dorme na rua foi agredida dentro de casa. Além disso, 30,4% são usuários de drogas ou álcool.
Os dados divulgados pela SDH apontam que 32,2% do público-alvo teve brigas verbais com pais e irmãos, 30,6% foram vítimas de violência física e 8,8% sofreram violência e abuso sexual. A busca da liberdade, a perda da moradia pela família, a procura de trabalho para o próprio sustento ou da família, os conflitos com a vizinhança e brigas de grupos rivais também levam os jovens à situação de rua.
Preparada em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Sustentável (Idest), a pesquisa ouviu 23,9 mil crianças e adolescentes em situação de rua em 75 cidades do País, abrangendo capitais e municípios com mais de 300 mil habitantes. A população de crianças e adolescentes em situação de rua é predominantemente do sexo masculino, 71,8%, com idade entre 12 e 15 anos, 45,13%. A maior parte da faixa dorme em casas com as respectivas famílias e trabalha na rua, 58,3%, sendo que 23,2% dormem em locais de rua e apenas 2,9% pernoitam, temporariamente, em instituições de acolhimento.
Entre os que dormem na casa da família e os que passam a noite na rua, 60,5% mantêm vínculos familiares. Já 55,5% classificaram como bom ou muito bom o relacionamento que mantêm com os pais, enquanto 21,8% consideraram essa vinculação ruim ou péssima. Embora a maior parte das crianças ou adolescentes esteja em idade escolar, 79,1% não concluíram o primeiro grau. Apenas 6,7% terminaram o primeiro grau, 4,1% começaram a cursar o segundo grau, 0,6% encerraram o segundo grau e 8,8% nunca estudaram.
De acordo com o levantamento, 49,2% da faixa etária em situação de rua se declarara parda ou morena, 23,8%, branca e 23,6%, negra. Além disso, os níveis de renda são baixos: 40,3% das crianças e adolescentes em situação de rua vivem com renda média de até R$ 80,00 semanais. Apenas 18,8% afirmaram ter rendimento semanal superior a esse valor.
Atividades
A maioria da categoria trabalha, pede dinheiro ou alimentos, 99,2%. Entre as atividades mais recorrentes destacam-se a venda de produtos de pequeno valor, como balas e chocolates. Ao todo, 65,2% conseguem dinheiro ou alimentos desenvolvendo pelo menos uma dessas atividades.
Os dados apontam que 29,5% dos jovens pedem dinheiro ou alimentos como principal meio de sobrevivência. Além disso, uma parcela de 7,3% dos entrevistados, composta principalmente por crianças com pouca idade, está nas ruas acompanhada pelos pais e parentes em atividades de venda de produtos ou pedido de contribuição em dinheiro ou alimentos.
E agora
ENTENDA A NOTÍCIA
De acordo com a Secretaria de Direitos Humanos, o relatório completo deve ser divulgado na próxima semana. Além disso, a SDH e o Ministério do Desenvolvimento Social apresentarão ações e políticas públicas específicas para essa população.