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Abrigos estão sem repasse há 8 meses

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1º.09.2010 Fortaleza
Cinco abrigos de crianças e adolescentes da Capital não recebem repasse de verbas do município há oito meses. Em passeata no Centro, 150 manifestantes reivindicaram prioridadepara cuidados com a infância e a adolescência
Janaína Brás – Especial para O POVO
Eram 150 pessoas em marcha. Crianças, jovens e adultos de nariz de palhaço e apito na boca. À frente da passeata, a banda de percussão dos meninos da Casa do Menor São Miguel Arcanjo. Esta instituição, e mais outras quatro também conveniadas ao município, não recebem verba municipal desde janeiro deste ano. Em resposta, a manhã de ontem foi de protesto.
Os meninos marcharam desde a Praça do Ferreira até o Paço Municipal, onde paralisaram o cruzamento das ruas Sobral e São José até serem atendidos pelo assessor institucional da Fundação da Criança e da Família Cidadã (Funci), Thiago Holanda, e pelo representante do gabinete da prefeita Luizianne Lins, Herlon Alves.
?Em 2010, comemoramos 80 anos de Estatuto da Criança e do Adolescente. Num ano tão especial, recebemos uma notícias dessas. Criança não é de rua! As nossas só estão comendo por causa das doações?, alerta a assistente social da Casa do Menor, Idenilse Moreira.
?Entendemos a ação das instituições e temos a perspectiva de garantir os primeiros seis meses atrasados ainda na primeira quinzena de setembro?, assegura Thiago Holanda, a exemplo do que já tinha dito em O POVO, em 19 de agosto, após reunião com as instituições.
Quanto aos outros meses e à renovação de contrato, a Funci se compromete em sugerir novo cronograma financeiro aos abrigos tão logo a dívida do primeiro semestre de 2010 seja quitada, também a exemplo da declaração anterior. ?Estamos aqui hoje porque agendamos uma reunião da prefeita com uma comissão representando as instituições para a manhã de hoje. Mas ficamos sabendo que ela está em Brasília. É uma pena?, declara o coordenador da Equipe Interinstitucional de Abordagem de Rua, Manoel Torquato.
Comunidade
Os abrigos Jardim da Adolescência – Acamp, Barraca da Amizade, Casa do Menor São Miguel Arcanjo, O Pequeno Nazareno e Sociedade da Redenção atendem, juntos, a cerca de 150 crianças e adolescentes em situações de risco social. ?Ainda é pouco?, asseguram os manifestantes.
Pouco ou muito, tirou Ronaldo da rua. O menino andava de monociclo na manhã de ontem, com as roupas coloridas e a maquiagem de um palhaço. Enquanto puxava a passeata, ensinava aos meninos nos sinais do meio do caminho como se faz malabares. Na manhã de ontem, ele era professor de quem é igual ao que ele foi um dia.
EMAIS
ESTADIA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
São quatro os equipamentos municipais voltados para a estadia de crianças e adolescentes de rua: duas casas de passagem e dois abrigos. Os abrigos são a Casa dos Meninos e a das Meninas. Cada um acolhe 20 beneficiados.
Nas casas de passagem a estadia máxima oficial é de 48 horas. São o Ponte de Encontro e o Espaço Aquarela.