Granja inundada
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- 25-05-2009
25.05.2009 Opinião/Idéias Pág.: 02
As inundações nos dias que passaram já não são novidade, atingindo Piauí, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, com cidades e casas mergulhadas, cobrindo algumas, principalmente da classe pobre, que ficou desamparada, sem os seus modestos utensílios e sem lugar onde morar. Alguns, retiraram alguma coisa, a nado ou em canoa, mas a tragédia foi comum. Não é de admirar, portanto, que a cidade de Granja, situada à margem do Rio Coreaú, também tenha sido atingida. Todavia, há uma particularidade que não pode ser esquecida, nem deixar de ser ressaltada. É que em nenhum outro lugar aconteceu o absurdo de se ver os edifícios da Prefeitura Municipal, da Câmara de Vereadores e do Judiciário serem submersos.
O jornal ?Diário do Nordeste?, edição do dia 5 de maio, publicou foto da entrada do Fórum de Granja, onde eu me encontro, seminu, com água quase no pescoço, e ali fui de canoa e pulei na água com o intuito de ver se salvava pelo menos parte do importantíssimo arquivo de antigos processos históricos, inclusive de ações demarcatórias, que se processaram no passado. Não pude entrar, porque o edifício estava de portas trancadas e fora interditado pelos bombeiros. Felizmente, ao que parece, no início da invasão das águas, as autoridades mandaram retirar processos em andamento.
A peculariedade que existe no caso é que, no longínquo ano de 1991, através do jornal ?O Defensor do Povo?, que eu editava em Granja, denunciei o prefeito de então, que, ainda é o mesmo da atualidade, Dr. Esmerino Arruda, por estar mandando retirar terra de aluvião das margens do Rio Coreaú para aterrar terreno baixio, sujeito a inundações, para construir, como construiu o que chamou Palácio Municipal.
Depois, a Prefeitura doou terreno, ao lado, para o Tribunal de Justiça construir o atual Fórum, e a mesma Prefeitura conseguiu verba para construir o prédio da Câmara Municipal, também ao lado.
E os três estão afogados. E ainda impediu o curso das águas com o Piscinão do Arrudão.
Luís Cruz de Vasconcelos – Professor e advogado