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Família de jovens mortos espera julgamento do réu

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Polícia
29.04.11
O Tribunal de Justiça do Estado transferiu o júri para Fortaleza, mas a data da sessão ainda não foi definida pela Corte
Depois da decisão tomada pelo Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), em desaforar (transferir de foro) de Iguatu para Fortaleza o julgamento do ex-capitão da PM Daniel Gomes Bezerra, a família dos dois rapazes mortos pelo ex-militar agora espera do Judiciário a definição da data do Júri. Já são quatro anos e um mês desde a morte violenta dos irmãos Marcelo e Leonardo Moreno Teixeira.
Os dois rapazes, acadêmicos de Medicina, foram assassinados na madrugada do dia 17 de março de 2007 na cidade de Iguatu, na Região centro-Sul do Estado (a 384Km de Fortaleza).
Desaforar
Durante uma luta corporal, os dois irmãos foram atingidos por tiros disparados pelo então capitão, que, na época, comandava o policiamento da cidade de Mombaça, coincidentemente, a terra natal das duas vítimas. Os estudantes eram filhos do ex-prefeito daquele Município.
O pedido de desaforamento (transferir de foro) do julgamento do militar foi feito à Justiça pela própria defesa do réu. O advogado criminalista Delano Cruz alegou razões de segurança para seu cliente, além de argumentar que, devido à influência política dos pais dos rapazes assassinados, os jurados poderiam vir a sofrer algum tipo de pressão.
“O pai das vítimas foi prefeito de Mombaça, tendo influência e carisma, tanto em Iguatu, quanto nas cidades vizinhas. Essa influência poderia, portanto, exercer algum ânimo no estado dos jurados, evidenciando fundadas suspeitas sobre a imparcialidade do Conselho de Sentença”, declarou o desembargador Paulo Camelo, relator do recurso impetrado pela defesa do ex-policial militar.
Por unanimidade dos votos, os integrantes das Câmaras reunidas do TJCE decidiram acatar o recurso da defesa. Conforme o relator, o desaforamento tem por objetivo assegurar ao acusado um julgamento imparcial.
Excluído
O crime de morte que vitimou os dois estudantes, segundo o processo, decorreu de uma discussão que se transformou em luta corporal.
Depois do crime, o então capitão fugiu da cidade de Iguatu e foi apresentar-se no quartel da PM em Jaguaribe. No mesmo dia, teve prisão preventiva decretada pela Justiça.
Bezerra foi recambiado para Fortaleza e recolhido em uma cela no Quartel do Batalhão de Polícia de Choque (BpChoque).
Meses depois, o governador do Estado, Cid Gomes, determinou a expulsão de Bezerra dos quadros da PM. A família dos dois rapazes assassinados contratou o criminalista Paulo Quezado para funcionar como assistente da acusação.
FERNANDO RIBEIRO
EDITOR