Conteúdo da Notícia

Jovem torturada acusados têm prisão decretada

Ouvir: Jovem torturada acusados têm prisão decretada

07.12.2010 polícia
A Justiça decretou a prisão preventiva de Régis Antônio Benevides dos Santos e de Paulo Fernando Souza de Andrade, acusados de torturar e tentar estuprar Rita de Cássia dos Santos Sousa, 23 anos, em março do ano passado, em Fortaleza. O desembargador Paulo Camelo Timbó, relator do processo, disse que há indícios suficientes de autoria e materialidade do crime, aliados à necessidade de garantia da ordem pública.
Em depoimento à Polícia, Régis e Paulo Fernando, conhecido como Fernando ?Babalu?, confessaram as agressões. À época, o Ministério Público (MP) entrou com denúncia contra os acusados e pediu a prisão preventiva dos mesmos, alegando a gravidade dos fatos, aliados à periculosidade e o tipo de comportamento de Régis e Fernando. O pedido de prisão dos acusados foi indeferido pela Juíza da 17ª Vara Criminal da Comarca de Fortaleza, Marlúcia Ribeiro. Em contrapartida, o Ministério Público (MP) estadual, representado pelo promotor de Justiça, Marcos Renan, ingressou com recurso em sentido estrito, no Tribunal de Justiça do Ceará, objetivando a reforma da decisão.
Ao analisar o caso, no último dia 29, a 2ª Câmara Criminal deu provimento ao recurso, determinando a decretação da prisão dos acusados. ?Não se sustenta a decisão que indeferiu a prisão preventiva dos acusados, sob o fundamento da ausência dos requisitos autorizadores da medida, uma vez que, na hipótese, restou fartamente demonstrada a presença dos mesmos?, destacou o desembargador Paulo Timbó.
Paulo Timbó ressaltou que a prisão de Régis e Fernando é necessária para a garantia da ordem pública, ?pois a periculosidade dos agentes ficou comprovada através da forma como o crime foi cometido, demonstrando o desprezo que os acusados nutrem pela vida humana e o risco que oferecem à sociedade estando em liberdade?.
Relembrando o caso
Rita de Cássia foi torturada e quase estuprada, na madrugada do dia 28 de março de 2009. Conforme os autos do inquérito, a vítima estava em uma casa de shows, na avenida Washington Soares, acompanhada de outras amigas, quando conheceu um grupo de pessoas, entre as quais estavam Régis Benevides e Paulo Fernando. Na ocasião, as amigas de Rita foram embora e ela ficou com os rapazes, que garantiram deixá-la em casa.
A vítima saiu acompanhada dos acusados, que pararam em um bar. Momentos depois, o veículo de Régis apresentou um problema mecânico, quando os três decidiram ir para o apartamento de Paulo Fernando.
Vítima fala ao O Estado
No dia dois de abril do ano passado, a manchete do Jornal O Estado dizia ?Mulher se joga de prédio para evitar estupro?, foi um dos casos de maior repercussão na imprensa local. Na matéria, Rita de Cássia, que à época ainda estava internada no IJF, narrou por telefone detalhes sobre como tudo aconteceu. Segundo a vítima, depois de sofrer vários tipos de agressões, resolveu atirar-se do segundo andar do edifício, na Praia do Futuro, onde morava Fernando ?Babalu?, para não ser estuprada e morta.
Rita contou que já era tarde quando o grupo decidiu seguir para um bar, mas o veículo não funcionou. ?Após resolvido o problema, os amigos de Régis foram deixados cada um em suas casas e eu fiquei por último com Babalu. Eles falaram que o carro não estava funcionando novamente e pediram que fôssemos para o apartamento de Fernando para conseguir ajuda. Ao chegar lá, Régis me trancou no quarto e disse que eu teria que transar com ele?.
A vítima disse que o suposto agressor passou a lhe espancar por vários minutos e só parou quando o dono do apartamento chegou. Esperando que o rapaz fosse socorrê-la, Rita disse que ele teria participado do espancamento e das ameaças. ?Quando o Babalu entrou, o Régis falou que eu era um travesti e ele tirou o cinto e começou a me bater?. Ela explicou que foi obrigada a colocar uma banana na boca para que ficasse calada. Para que ninguém escutasse os gritos, os rapazes colocaram um som no último volume.
Ainda por telefone, Rita lembrou dos momentos como ?horas de horror?, chorava. ?Eles disseram que iam me matar e jogar meu corpo nas dunas da Praia do Futuro e ainda cortariam meu cabelo com faca para que ficasse difícil meu cadáver ser reconhecido. Eu fiquei desesperada, clamei várias vezes pela minha vida, só queria ir para casa.?