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Em marcha, crianças pedem melhorias para abrigos

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1º.09.2010 cidade
MENINOS E MENINAS saíram da Praça do Ferreira em direção ao Paço Municipal para conversar com a prefeita. Mas não foi possível porque Luizianne Lins está em Brasília
RODRIGO CARVALHO
Há oito meses, 12 instituições estão sem receber recursos financeiros da Prefeitura de Fortaleza
Cerca de 150 crianças e adolescentes, familiares, educadores sociais e dirigentes de 12 instituições de atendimento a meninos e meninas em situação de moradia nas ruas de Fortaleza marcharam na manhã de ontem, da Praça do Ferreira até o gabinete da prefeita Luizianne Lins. O objetivo foi reivindicar, da atual gestão, a urgência no repasse de recursos, que estão atrasados desde janeiro deste ano, além da continuidade da verba e da renovação imediata do convênio com as instituições de acolhimento.
Durante a caminhada, que passou pelas principais ruas do Centro da Capital, a manifestação ganhou o apoio da população. Uns batiam palmas e outros gesticulavam fazendo o sinal de positivo com as mãos. Segundo o coordenador da Equipe Interinstitucional de Abordagem de Rua de Fortaleza, Manoel Torquato, a situação é critica em boa parte das instituições. “A maioria dessas casas de ajuda estão com seus caixas zerados. Sem receber ajuda da Prefeitura há oito meses, elas não possuem a mínima condição de sobreviver. Ainda vivem graças à caridade de algumas pessoas”.
A comerciante Márcia da Silva, 39, lamenta a falta de bom senso dos órgãos competentes. “Tenho uma filha de oito anos que faz balé na Sociedade da Redenção, no Pirambu. Pelo fato de ela estar lá, fico tranquila em saber que ficará longe das ruas. Se a Sociedade fechar, o que vai ser dela?”, pergunta.
“Já que a Prefeitura não prioriza vagas suficientes para acolher este público em equipamentos próprios, aproximadamente 133 crianças e adolescentes podem perder a chance de se salvar da vida nas ruas”, alertou Manoel Torquato. Após uma hora de caminhada, crianças e adolescentes acomodaram-se em frente ao Paço Municipal, com o intuito de serem recebidos pela prefeita. Mais não foi possível. Luizianne Lins, segundo a sua assessoria de imprensa, encontra-se em Brasília desde o dia 30 para resolver problemas de campanha. Ela viajou na condição de coordenadora geral da campanha da candidata a presidente da República, Dilma Roussef.
A decepção no rosto de algumas crianças era visível. Larissa Fonseca, 8, que faz parte da Sociedade da Redenção, falou da tristeza de não ter conseguido conversar com a prefeita. “Fiquei triste porque pensava que iria entrar aqui e vê-la”.
Na ausência da prefeita Luizianne Lins, os manifestantes foram recebidos pelo coordenador de Comunicação da Prefeitura de Fortaleza, Demétrio Andrade. Ficou acertado que o Executivo Municipal fará um esforço para pagar, até o fim de setembro, o valor do atraso de oito meses, além de uma audiência pública com a prefeita e a garantia de que os convênios serão renovados até 2011. O Diário do Nordeste vem acompanhando a situação dessas instituições, denunciando a precariedade das condições. A mais recente matéria tratou de uma reunião no dia 18 de agosto na qual dirigentes das instituições conveniadas ouviram da Secretaria de Direitos Humanos que a gestão não possui dotação orçamentária para garantir o recurso nem renovar o convênio.
Risco
Em ofício circular, as instituições de acolhimento – Acamp, Barraca da Amizade, Casa do Menor, O Pequeno Nazareno e Sociedade da Redenção – comunicaram o fato ao Juizado da Infância e da Juventude, ao Ministério Público e ao Conselho Municipal da Criança e do Adolescente. Caso o Município não regularize a situação, as entidades fecharão as portas.