Opinião 03.08.2010
Até quando ficaremos traumatizados com a morte de Bruce Cristian: até quando a casa dos pais de Bruce Cristian continuará tomada por visitas solidárias e amigos do instante doloroso? Até quando o Governo dirá aos pais do menino, Chagas e Aglais, que a família será indenizada pelo Estado?
A casa de Bruce, mesmo quando as visitas desaparecerem, jamais será a mesma, nem seus pais ? como antes. Em cada canto, a lembrança. Todo dia, a ausência. A saudade. Os outros filhos abraçarão os pais, mas faltará sempre o carinho daquele que uma bala levou para longe, distante de tudo e de todos que amava.
Indenização…
A Imprensa noticia que o governador Cid Gomes sinaliza que a família de Bruce poderá receber uma indenização. Indenização pela vida? Não, os pais não podem, não devem receber indenização
alguma do Governo.
A Imprensa divulga que o governador ?informou que a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social vai atender todas as demandas que a família de Cristian julgar necessárias para amenizar a dor da perda do filho.? Que demandas seriam suficientes, capazes de ?amenizar a dor da perda do filho?? Nada, nada amenizará a dor dos pais de Bruce.
Indenização…
O dinheiro recebido traria lembranças dolorosas aos seus corações e manchas indestrutíveis nas mãos de Chagas e Aglais: tudo teria a cor do sangue de Bruce… sangue explodido de sua nuca… escorrendo no asfalto. O dinheiro queimaria as mãos, os corações, as almas desses infelizes pais…
Na outra face da tragédia o estado emocional em que se encontra o policial militar Yuri Silveira: aos prantos, desconexo. Na sua memória, não só a tragédia ? suficiente para enlouquecer- como a imagem da esposa grávida do primeiro filho, nascendo estigmatizado pelo ato inconsequente do pai.
Faltam-me palavras. Ponto final.
Adísia Sá – Jornalista
adisia@secrel.com.br