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Reforma do Código Civil prevê menos recursos

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04.06.10
pág. 19 política
Proposta, a ser apresentada por grupo de juristas na próxima semana ao presidente do Senado, José Sarney, inclui ainda a valorização das decisões em primeira instância e o estímulo a soluções por meio de acordos e conciliações. Tudo para tornar a Justiça mais rápida
A comissão de juristas criada para formular o novo Código de Processo Civil entregará o texto final para o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AM) no próximo dia 8. Caso seja aprovado no plenário do Senado e, em seguida, na Câmara dos Deputados, da forma como foi produzido pelos juristas, o novo código implementará mudanças importantes no modo de atuação de juízes, advogados, do Ministério Público, defensores públicos e cidadãos que movem ações civis no país.
?Celeridade e simplicidade são as marcas do anteprojeto. O atual Código de Processo Civil é extremamente solene e erudito e isso não se coaduna mais com os direitos e as garantias que a Constituição assegura ao cidadão. O processo civil precisa ser simples e um instrumento de solução de conflitos e não apenas uma peça de admiração dos estudiosos do direito?, disse à Agência Brasil o diretor da Consultoria Legislativa do Senado, Bruno Dantas, que fez parte da comissão.
Segundo ele, a expectativa é que, com o novo código, o tempo médio de duração de um processo individual seja reduzido pela metade. No caso dos processos coletivos, a economia de tempo pode chegar a 70%. Para isso, as novas regras processuais incluem a redução do número de recursos a que as partes têm direito, a valorização das decisões em primeira instância e o estímulo a soluções por meio de acordos e conciliações.
No caso dos recursos, parte deles deve ser eliminada com um instrumento jurídico chamado de Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR). Com ele, o Tribunal de Justiça de um estado pode, ao ser provocado pelos juízes de primeira instância, baixar uma resolução para que uma tese aplicada em um caso se estenda aos outros processos idênticos àquele. Assim, economiza-se tempo e recursos do Judiciário que seriam gastos julgando processos iguais individualmente.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) ou o Supremo Tribunal Federal (STF) também podem baixar uma IRDR que valerá em todo o país. Nesse caso, eles deverão julgar o mérito da resolução em até seis meses.
O texto do novo código também propõe mudar a forma de as partes recorrerem no processo. Assim, o recurso a um pedido de prova que foi indeferido não será mais feito imediatamente após a recusa do juiz e, sim, ao fim do processo, quando ele já tiver sido julgado.
?Isso elimina vários recursos durante o processo e junta todos eles em um só recurso após o julgamento. As estatísticas mostram que o número de processos anulados em função de provas indeferidas que poderiam ter mudado o resultado do julgamento é muito baixo. E, caso aquela prova seja mesmo necessária, a parte terá a oportunidade de fazer voltar o processo para tentar modificar o resultado?, explica Dantas. (das agências de notícias)
EMAIS
SAIBA MAIS SOBRE A PROPOSTA DO NOVO CÓDIGO CIVIL
– No início das discussões, no âmbito da comissão de juristas, o novo Código de Processo Civil tinha 1,2 mil artigos, mas, depois de uma votação na própria comissão, ficou com menos de mil.
– O código atual, que está em vigor, tem 1.220 artigos.
– O novo texto foi totalmente formulado pela comissão de juristas convidados pelo Senado, mas levou em consideração projetos relacionados ao assunto que já tramitavam tanto no Senado como na Câmara dos Deputados.
– A votação do texto ainda este ano, antes das eleições, depende de um acordo de líderes.
– Ao recebê-lo da comissão de juristas, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), deverá encaminhar o projeto para uma Comissão Especial, que terá 40 dias para votar a proposta. Depois, o projeto deve seguir para votação em plenário.