População discute combate à criminalidade
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- 26-03-2010
26/3/2010
População do município de Mombaça não suportar mais o aumento dos crimes na cidade do Centro-Sul
Mombaça. “O chão que nós pisamos é de bastante insegurança, medo e violência. Os frequentes assassinatos encharcando esse solo com tanto sangue deixa a população indignada porque os culpados não são punidos e os crimes não são esclarecidos”. Com essas palavras, o bispo da Diocese de Iguatu, dom João Costa, chamou a atenção do secretário de Segurança Pública, Roberto Monteiro, para que providências concretas sejam adotadas com urgência para a redução da criminalidade no município.
As palavras do religioso abriram a audiência pública, realizada na Câmara de Vereadores, numa iniciativa do Fórum de Discussão pela Paz. Ao final do encontro, dom João Costa entregou ao secretário Monteiro um documento contendo as reivindicações do movimento. Representantes do Poder Judiciário, da Polícia Militar, políticos e da sociedade local debateram propostas para a construção da paz.
As principais reivindicações referem-se à ampliação do efetivo policial, implantação do Programa Ronda do Quarteirão, do Projeto Pró-Cidadania, construção de uma delegacia, presença de grupo de inteligência e de força-tarefa para investigar a onda de criminalidade (pistolagem, assaltos e roubos) que atinge o município.
Monteiro foi objetivo e anunciou que, a partir de julho, o Programa Ronda do Quarteirão será implantado na cidade, com duas equipes, e haverá um aumento do efetivo, passando de 22 para 48 policiais. Assumiu o compromisso de enviar equipe de inteligência e da divisão de homicídio para tentar alcançar os mandantes de crimes e desarticular as quadrilhas.
Para o secretário, a paz no município não será obtida pelas armas. “Precisamos de informações da população para chegarmos aos criminosos e, para isso, precisamos vencer o medo. Não temos paz porque não se aplica a justiça, os criminosos permanecem impunes”.
O promotor de Justiça, Guilherme Soares, fez um relato do conflito entre duas famílias locais que tem levado a ocorrência de dezenas de crimes de pistolagem, além de citar dados de homicídios que colocam o município como um dos mais violentos do Estado. Para o juiz de Direito, Neuter Dantas Neto, a audiência alcançou o objetivo maior de ampliar a discussão do problema e obter o compromisso do secretário para tentar reduzir o índice de criminalidade. “Conseguimos transpor uma barreira e vamos enfrentar de forma unida esse desafio. Não podemos desistir”.
O prefeito de Mombaça, Willame Alencar, disse que desde o início de sua administração procurou melhorar com parcerias a estrutura de funcionamento da unidade militar. “Não há como negar que a população vive com medo”, frisou.
Para o coronel Gomes Filho, comandante da Companhia Militar de Iguatu, a pistolagem é “cultural em Mombaça”. O vereador Francisco Teixeira Filho foi enfático ao afirmar que a violência local vai além da ação de pistoleiros. “É um problema mais complexo, que envolve assaltos, bandos armados nos distritos, consumo de droga nas festas e crescimento da violência ano após ano”.
O representante das associações comunitárias, Francisco Antônio Sá, mostrou-se satisfeito com os compromissos assumidos. “Essa reunião não pode ficar apenas no papel”. Defendeu um toque de recolher para o fechamento de bares a partir de determinado horário.
DESEJOS
“Realizamos pacto com a Secretaria de Segurança. Cremos que a paz chegará”
Dom João Costa
Bispo da Diocese de Iguatu
“A impunidade virou regra e o sentimento de injustiça prevalece no município”
Francisco Antonio Sá
Representante de associações comunitárias