Manicômio vira alvo de polêmica
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- 25-11-2009
Polícia Pág. 18 25.11.2009
Direção da unidade de saúde prisional contesta relatório que levou o juiz das Execuções a ordenar uma semi-interdição
“Somos conscientes de algumas dificuldades, mas 80% deste relatório não condiz com a verdade”, declarou o coordenador do Sistema Penitenciário, Bento Laurindo, contestando o relatório apresentado pelo Conselho da Comunidade da Comarca de Fortaleza sobre as condições do Instituto Psiquiátrico Governador Stênio Gomes – o Manicômio Judicial.
O relatório acabou levando a Justiça a decretar a semi-interdição daquela unidade. A entrevista foi concedida por Bento Laurindo no interior do Manicômio, ontem pela manhã, durante visita realizada à unidade.
O diretor Antônio Caetano Rios – defensor público aposentado – abriu as portas do Instituto para a Imprensa e deixou os jornalistas à vontade para visitarem o prédio e verificarem a estrutura física e o espaço destinado aos presos.
“O que o relatório chamou de ´jaula´ na verdade é uma cela com ventilação, banheiro e acomodação necessária para um homem que tem uma patologia que nos impossibilita de colocá-lo em contato com outros. Este homem matou pai e mãe e fica se machucando o tempo todo”, mostrou. Jean, o preso, estava comendo pão e bebendo leite no momento da visita.
Ao lado da cela dele, outra cela que comportava 11 presos naquele momento. “São pessoas que têm que ficar isoladas e necessitam de mais observação porque oferecem risco de suicídio ou sofrem ameaças”, ressaltou o vice-diretor, Hélio Rufino, médico.
Celas
Um dos presos, Raimundo Ferreira Vasconcelos, 29, disse que eles mesmos mantêm as celas limpas. “A gente acorda, merenda, faz a limpeza da cela. Tem os trabalhos, que são bons”, disse.
Uma grande área na parte interna da unidade – que compreende um campo de futebol, os consultórios e enfermarias – está sendo reformada. “Temporariamente estamos acomodando os pacientes numa área menor, até a reforma ser concluída”, explicou Caetano.
A carência de pessoal é um problema reconhecido pela direção. A superlotação é outro forte entrave. Caetano contou que em setembro já havia provocado o juiz da Vara de Execução Penal, Luiz Bessa Neto, a fazer a semi-interdição. “Enviei um ofício ao juiz explicando que tínhamos iniciado a reforma e estávamos impossibilitados de receber mais pacientes.”