Novas denúncias de torturas
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- 13-11-2009
13.11.2009 Polícia
Delegados afastados entregam ao Secretário documentos contra o superintendente da Polícia Civil, Luiz Dantas
Um novo capítulo na crise que se estabeleceu na Segurança Pública do Ceará foi registrado ontem, quando os delegados Francisco Cavalcante e Alexandra Medeiros – afastados das funções sob a suspeita de torturar presos – entregaram ao secretário Roberto Monteiro documentos que, segundo eles, implicam o superintendente da Polícia Civil, Luiz Carlos Dantas, em espancamentos e também torturas contra quatro acusados de sequestro e tráfico de drogas.
Cavalcante e Alexandra repassaram a Monteiro cópias de depoimentos prestados à Justiça, em fevereiro de 2007, pelos presos Francisco Gilson Lopes Justino, o “Meia-Luz”; Alexsandro de Paula Moura, Francisco Lopes Justino (irmão de Gilson) e Antônio Carlimar Portela.
Gilson e seu irmão Francisco são dois dos quatro presos que, há duas semanas, disseram ter sido torturados para incriminar Dantas no suposto atentado sofrido pela delegada Alexandra e seu marido, inspetor Fernando Cavalcante, em agosto último.
Os depoimentos entregues a Monteiro fazem parte de um processo que tramitou na 15ª Vara Criminal de Fortaleza, sob a presidência da juíza de Direito, Helena Lúcia Soares.
No dia 26 de fevereiro daquele ano, os quatro homens foram ouvidos na presença da magistrada e do promotor Amsterdan Lima Ximenes, ocasião em que relataram ter sido vítimas de torturas na Polícia Civil para que confessassem participação no sequestro do pai do jogador de futebol Jônatas.
Tapas
Três dos acusados (Gilson, Francisco e Alexsandro) disseram ter sido vítimas de espancamentos. O quarto homem não citou agressões. Num dos trechos de seu depoimento, “Meia-Luz” afirma que chegou a ser levado para um cativeiro (uma casa no bairro Castelão), onde foi amarrado e dependurado para confessar o crime. Antes, ainda nas dependências da Polícia, “foi agredido várias vezes pelo doutor Dantas, com tapas no rosto.” Já o preso Alexsandro de Paulo Moura afirma que, após ser preso e espancado na Praia da Iparana, em Caucaia, onde levou “sacos d´água”, foi colocada uma toalha molhada no seu rosto para prender a respiração.
Disse também que, “por determinação do doutor Dantas foi colocado novamente numa viatura e levado para o Parque Botânico de Caucaia, sendo submetido a novas agressões”.
Após receber os documentos, o secretário Roberto Monteiro foi enfático. “Vou analisar tudo amanhã (hoje). Tenho que examinar, não posso me basear numa verbalização. Se tiver que afastar, não serei eu que o farei, mas é a Lei que me obriga. É um imperativo”. O delegado Dantas não se pronunciou.
FERNANDO RIBEIRO – EDITOR