Crack movimenta R$ 750 mil por dia em Fortaleza
- 4834 Visualizações
- 13-11-2009
13.11.2009 Cidade
Estimativa faz parte de pesquisa realizada pela Central Única das Favelas (Cufa) a ser divulgada em dezembro
O consumo do crack em Fortaleza alimenta mercado ilegal “próspero” para uma verdadeira rede de traficantes. O lucro mensal com as vendas de pedras supera a casa dos R$ 22 milhões. Por dia, esse valor chega a R$ 750 mil. Os números são da Central Única das Favelas (Cufa) e integram estudo realizado, há pelo menos dois anos, pela entidade somente na Capital cearense.
Os valores podem ser maiores, adverte o coordenador da Cufa, Francisco José Pereira, ou simplesmente, Preto Zezé. Segundo ele, os dados são estimativas iniciais do estudo, a ser divulgado conjuntamente com o documentário “Selva de Pedras – a Fortaleza Noiada”, programado para o dia 1º de dezembro, no plenário da Assembleia Legislativa do Estado.
“Uma pedra do crack custa, em média, R$ 5,00 e um viciado puxa pelo menos cinco delas por dia”, revela Preto Zezé, que conversou com usuários e traficantes durante a realização do vídeo. “Tem depoimentos impressionantes e de tirar o fôlego de qualquer um”.
O consumo da droga avança de forma progressiva não só em Fortaleza, mas na Região Metropolitana, assevera ele. A venda da substância pode ser encontrada nos quatro cantos da cidade. “Ela não só invadiu favelas e comunidades da periferia, como não poupou os bairros considerados nobres”. O tráfico de crack, certifica, está nas esquinas, vielas, becos e avenidas.
Em reportagem especial, intitulada “A Fortaleza do Crack”, em setembro do ano passado, o Diário do Nordeste, publicou que somente a Delegacia de Narcóticos (Denarc) detectou, em 2007, 60 pontos-de-vendas de drogas na Grande Fortaleza e mais da metade deles já foi alvo de ações daquela Especializada. “Dezenas de traficantes foram presos por conta da ação de ´Inteligência´ da própria Denarc ou, ainda, fruto de denúncias anônimas recebidas pelos inspetores”, apontou a série que citou casos, ouviu especialistas e juízes da infância e juventude.
“A droga já é tratada como um problema de todos”, alerta a reportagem. O avanço do crack não distingue pobre ou rico. “Muita gente das classes A e média são seus usuários”, afirma o juiz titular da 5ª vara do Juizado da Infância e Juventude, Darival Bezerra Primo.
A psicanalista Rosana Brasil, em recente artigo, faz um alerta para os pais e responsáveis. De acordo com a especialista, não acredite que seu filho nunca poderá se tornar um usuário ou um dependente de drogas. Claro que talvez isso não ocorra mesmo, mas é sempre indicado estar atento pois a oferta de drogas aumenta de forma assustadora. Por exemplo, cita ela, nas festas “raves”, cita-se que existe, pelo menos em algumas delas, comércio grandioso de drogas em especial de crack, maconha, cocaína e ecstasy. O álcool e o cigarro são encontrados em praticamente todas as esquinas de qualquer cidade brasileira e assim por diante.
Malefícios
A droga
É a combinação de pó de cocaína com bicarbonato de sódio. Leva dez segundos para fazer efeito
O crack
Traz ao usuário euforia e excitação, além de fazer a sua respiração e seus batimentos cardíacos acelerarem
A “ressaca”
É altamente prejudicial aos usuários, uma vez que provoca, no dependente, uma depressão profunda
As sensações
Causa delírios repentinos e paranoias, além de despertar uma “fissura” por novas doses
O desgaste
Também causa prostração, desgaste físico, perda do interesse sexual, convulsões, podendo levar a lesões cerebrais irreversíveis. Pesquisas revelam que aproximadamente 90% dos usuários acabam dependentes
LÊDA GONÇALVES – REPÓRTER