Violência contra mulher: em 13 dias, Justiça estadual julga cinco acusados envolvidos em crimes de repercussão
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- 26-05-2022
A celeridade em processos envolvendo crimes contra a mulher é uma das prioridades do Judiciário cearense. No intervalo de 13 dias, cinco réus foram levados a julgamento pelos assassinatos de cinco mulheres cometidos em datas e cidades diferentes do Ceará. Os casos são de competência do Tribunal Popular do Júri, que tem a atribuição de julgar crimes dolosos (com intenção) contra a vida, tentados ou consumados.
UNIVERSITÁRIA MORTA PELO NAMORADO
O primeiro ocorreu em 12 de maio deste ano. Na manhã daquela quinta-feira, o Conselho de Sentença da 5ª Vara do Júri da Capital julgou um crime que chocou a cidade de Fortaleza no dia 13 de janeiro de 2021: a estudante de Fisioterapia, Maria Efigênia Santana Soares, de 28 anos, grávida, havia sido morta pelo namorado, o motorista de aplicativo Wando Cordeiro Vasconcelos, porque ele não concordava com a gravidez. A sessão durou cerca de nove horas e o veredito dado ao final: Wando foi condenado a 29 anos de prisão pelos crimes de homicídio, aborto e ocultação de cadáver, em regime inicialmente fechado.
ASSASSINADA NO TRABALHO
Sete dias depois, no início da tarde da quinta-feira (19/05), foi a vez do réu Isac Ângelo dos Santos Filho ir a julgamento pelo homicídio da ex-companheira Emanuelly Vasconcelos Sampaio, de 31 anos, com quem tinha um filho de 9 anos. De acordo com o processo, Isac não aceitava o término do relacionamento, de 15 anos, e assassinou a atendente de curso no local de trabalho dela, por volta das 10h de 30 de março de 2019, na avenida Fernandes Távora, Bairro Henrique Jorge, em Fortaleza. Isac Ângelo foi considerado culpado pelo Conselho de Sentença da 2ª Vara do Júri de Fortaleza e condenado a 16 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado, com motivação torpe, utilização de meio cruel e feminicídio.
PADEIRO QUE MATOU EX-MULHER
No dia seguinte (20/05), em Juazeiro do Norte, a 531 km da Capital, outra condenação. Dessa vez, em desfavor do padeiro Severo Manoel Dias Neto. Na sessão de julgamento que durou 20 horas, o Conselho de Sentença da 1ª Vara Criminal de Juazeiro do Norte considerou o padeiro culpado pela morte da ex-esposa Maria Rosemeire de Santana. Ela foi assassinada na frente dos dois filhos do casal. Severo Manoel foi condenado a 23 anos de prisão, a ser cumprido inicialmente em regime fechado.
MODELO ASFIXIADA PELO MARIDO
Na terça-feira (24/05), em sessão do Tribunal do Júri da Comarca de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, o corretor de imóveis Francisco Hélio Batista Araújo recebeu pena de 21 anos e quatro meses de reclusão, no regime inicialmente fechado, pela morte de Maria Lucilene da Silva Monteiro, com quem mantinha relacionamento de cerca de 13 anos e teve uma filha. De acordo com o processo, ele praticou o crime usando o cinto de segurança do veículo em que estava com a vítima, após discussão, por volta da 1h do dia 15 de outubro de 2019. O réu foi julgado por feminicídio, motivado por ciúmes e possessividade, e ocultação de cadáver.
“ZÉ DO VALÉRIO” MATA ESTUDANTE
Encerrando a sequência de julgamentos de crimes contra mulheres, na quarta-feira (25/05), o réu José Pereira da Costa, conhecido como “Zé do Valério”, em sessão que durou mais de oito horas, foi condenado a 31 anos de prisão pela morte da estudante de Administração, Daniele de Oliveira Silva. Segundo a ação, no dia 24 de abril de 2019, por volta de 12h, a universitária estava no Sítio São Gonçalo, zona rural de Pedra Branca. O acusado, que havia prestado serviços no sítio da família, a levou, mediante ameaça e uso de arma de fogo, para um matagal próximo, onde a estuprou e a matou. O julgamento ocorreu na 3ª Vara do Júri de Fortaleza, em razão de desaforamento, quando o julgamento ocorre em cidade diferente daquela onde o crime ocorreu.
No próximo mês de junho, no período de 20 a 24, ocorre a Semana Estadual do Júri, oportunidade em que magistrados e servidores estarão concentrados em processos do júri.