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Um Novo Tempo: Sementes de esperança e recomeço 

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Fernanda Aires
 

“Hoje, eu só quero olhar e caminhar para frente, pensar no que está por vir, reconstruir minha vida com esperança e junto da minha família”. Essas palavras traduzem o renascimento de uma mulher que, após vivenciar dez encontros do Programa Um Novo Tempo (PUNT), durante liberdade condicional, encontrou forças para abandonar o passado e abraçar um futuro repleto de possibilidades. Durante as dinâmicas, ela aprendeu o valor do perdão — tanto para si mesma quanto para aqueles ao seu redor — e, com isso, reencontrou a capacidade de sonhar. Seu maior desejo agora é simples e profundo: reunir sua família e saborear pequenos momentos que agora carregam um peso especial de amor e significado. 

 

 

O Programa Um Novo Tempo é fruto de parcerias firmadas entre o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) e instituições públicas e privadas. Idealizado pelo Núcleo de Apoio às Varas de Execução Penal (Nuavep), tem atuado, desde 2013, abrindo portas para quem busca transformar sua realidade após o cumprimento de pena. Os participantes recebem acolhimento emocional, participam de iniciativas para o fortalecimento de laços familiares e sociais, e têm a possibilidade de trilhar um novo caminho, mais digno e promissor. Na tarde desta quarta-feira (27/11), durante mais um dos encontros do programa, o tema principal foi a prevenção de problemas relacionados ao álcool e outras drogas, conduzido com sensibilidade pelo Programa Viva Bem.

 

 

A psicóloga Socorro Fagundes, do Programa Um Novo Tempo, explicou o impacto desse trabalho no processo de transformação pessoal dos participantes. “Nós os incentivamos a refletirem sobre o autocuidado, a autorresponsabilidade e seus laços familiares. Nossa missão é ajudá-los a redescobrir seus propósitos, fortalecendo a capacidade de enfrentar desafios e criar caminhos para suas vidas”. 

Os relatos emocionantes dos participantes são a prova do impacto da ação, como este homem de 36 anos, que encontrou uma chance de reconstrução. “Eu pensava que a Justiça só servia para punir, mas aqui percebi que ela pode ser uma ferramenta de mudança. Nas vivências, eu enxerguei os erros do passado e, agora, estou aprendendo a trilhar novos caminhos. Estou há quase sete anos longe do álcool e das drogas. Meu sonho é ajudar outras pessoas que passaram pelo que eu passei. Quero ser o exemplo de que é possível mudar”, afirmou.

 

 

A supervisora do Nuavep, Silvana Cavalcante, destacou a relevância das atividades realizadas. “Esses encontros criam um espaço seguro para reflexões profundas sobre o passado, as dificuldades do presente e os sonhos do futuro. Eles são mais do que momentos de aprendizado, são pontes para a reintegração social, mostrando que recomeçar é possível, independentemente das barreiras”, salientou.

Para uma idosa de 67 anos, que participou de cinco encontros, o programa se tornou um farol de renovação. Com os olhos marejados, ela descreveu sua experiência. “Aqui, ouvimos histórias que nos tocam, partilhamos nossas dores e descobrimos forças para continuar. Não é fácil recomeçar, mas essas vivências me mostraram que o futuro pode ser diferente. Cada encontro é uma lição de superação e nos dá coragem para buscar novos caminhos. É como escrever um novo capítulo da vida, cheio de esperança e determinação”. 

O Programa Um Novo Tempo é mais do que uma iniciativa social, é uma demonstração de que a transformação é possível quando há acolhimento, empatia e ferramentas concretas para reescrever histórias. É nesses momentos que as sementes de esperança são plantadas, florescendo em um futuro mais justo, humano e cheio de possibilidades. 

 

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