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TJCE garante inclusão de pessoas cegas e surdas ampliando iniciativas de acessibilidade ao Judiciário cearense

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Pensando em melhor acolher a cidadã e o cidadão que têm algum tipo de deficiência, a atual Gestão do Poder Judiciário cearense investiu em diversas iniciativas para a integração desse público. As medidas impactaram sobretudo pessoas cegas ou com baixa visão, além da comunidade surda, que há mais de duas décadas é parceira do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE).

Inédito no âmbito dos tribunais do país, o “Justiça de Olhos Abertos” foi vencedor do Prêmio de Responsabilidade Social do Poder Judiciário e Promoção da Dignidade do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), na categoria “Responsabilidade Social do Poder Judiciário”, em março deste ano. O projeto já promoveu diversas atividades para estudantes cegos(as) ou com baixa visão do Instituto Hélio Góes, da Sociedade de Assistência aos Cegos (SAC), para que entendam melhor a estrutura e o funcionamento da Justiça estadual.

A mais recente, em outubro deste ano, consistiu na realização de um júri simulado. Foi uma oportunidade para que as alunas e os alunos atuassem como juízes(as), promotores(as) e defensores(as) públicas, facilitando a compreensão do trabalho desempenhado por esses(as) profissionais, além de incentivar para escolha de uma carreira na área do Direito no futuro.

 

Profissionais do Sistema de Justiça e estudantes do Instituto Hélio Góes em júri simulado

 

Um dos participantes foi o aluno Pedro Sales de Oliveira, de 15 anos. “Essa experiência é muito importante! Ela agrega, pois faz a gente entender sobre o funcionamento do julgamento e a aplicação das leis no Tribunal. Pra mim, é enriquecedor! Eu tenho me interessado cada vez mais por essa área e, provavelmente, vou fazer faculdade para me tornar um advogado”, relatou no dia do júri simulado.

O “Justiça de Olhos Abertos” integra os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), que recomenda aos tribunais a promoção da acessibilidade e da inclusão da pessoa com deficiência. Idealizado pela Assessoria de Comunicação (Ascom) do Poder Judiciário do Ceará, foi lançado em dezembro de 2022.

 

 

 

 

 

Também no primeiro semestre de 2024, o TJCE confeccionou adesivos em braille para identificar salas e unidades no Fórum Clóvis Beviláqua (FCB). Ao todo, foram produzidas 460 placas. A confecção do material ocorreu em parceira com o Instituto Iracema de Pesquisa e Inovação, sociedade civil sem fins lucrativos criada em 2012 por professores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE).

 

Apresentação de adesivos marca o Dia Nacional do Sistema Braille

 

 

As iniciativas inclusivas do Judiciário cearense possibilitam que todas as vozes sejam ouvidas e compreendidas, independentemente de barreiras comunicativas. Durante essa ação institucional promovida em 08 de abril deste ano em para comemorar o Dia Nacional do Sistema Braille, o presidente do TJCE, desembargador Abelardo Benevides Moraes, afirmou que a atual Gestão tem trabalhado para ampliar o acesso à Justiça. “O ser humano vem em primeiro lugar e o nosso esforço é para melhor acolher a todos que procuram o Judiciário, respeitando as necessidades de cada um”, salientou.

 

Presidente do TJCE participa da entrega dos adesivos de identificação em Braille

 

Idealizador do “Justiça de Olhos Abertos”, o servidor Edson Viana Gomes, jornalista da Assessoria de Comunicação do Tribunal, reforçou a importância das diversas ações do TJCE que têm facilitado o diálogo com todas as pessoas. “O projeto é muito impactante porque possibilita aos alunos cegos e com baixa visão sonharem com um futuro promissor, onde a cegueira não é um fator impeditivo, mas apenas um obstáculo a ser transposto. E temos conseguido levar a luz do conhecimento do Direito para um número cada vez maior de adolescentes que, apesar de não enxergarem fisicamente, igualmente desejam prosperar, evoluir”.

 

Servidor Edson Gomes concede entrevista para reportagem da TV Justiça

 

 

Pensando na comunidade surda, o Judiciário estadual instituiu, em dezembro deste ano, o “Aqui tem Inclusão” para que pessoas com deficiência auditiva possam explorar o Espaço da História do Fórum Clóvis Beviláqua (FCB). O projeto disponibiliza QR Codes que direcionam para vídeos com tradução em Língua Brasileira de Sinais (Libras), facilitando a compreensão de documentos e objetos do acervo.

Mais do que uma ação tecnológica, a iniciativa reforça a importância de tornar os espaços de memória acolhedores e democráticos, permitindo amplo acesso à riqueza histórica e cultural preservada pelo TJCE. O projeto da Diretoria do FCB foi idealizado pela equipe de intérpretes e tradutores de Libras, a partir da demanda de uma colaboradora, e executado pela Assessoria de Comunicação do Poder Judiciário.

 

Basta apontar o celular para o QR Code para ter acesso aos vídeos em Libras

 

 

O Tribunal ainda tem investido na capacitação das equipes responsáveis pelo atendimento para que o serviço seja cada vez mais humanizado, garantindo a autonomia individual e a plena comunicação de pessoas com deficiência. Segundo o protocolo adotado pelas Centrais de Atendimento Judiciais (CAJs), é essencial reconhecer a importância do acolhimento exclusivo em Libras. Sinais, expressões faciais e movimentos do corpo que facilitam a comunicação são valorizados, tornando-a mais eficiente e acessível.

O Judiciário estadual também conta com uma equipe de intérpretes e tradutores de Libras que auxiliam a comunicação de colaboradores(as) surdos(as) e dão suporte a pessoas que buscam atendimento no FCB. Além disso, os profissionais trabalham em grandes eventos e nos julgamentos das Seções de Direito Público, Direito Privado e Criminal do TJCE, bem como no Órgão Especial e no Pleno. O Tribunal tem parceria com a Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos (Apada) para a contratação de pessoas surdas. Atualmente, são 48 colaboradores(as), sendo 24 atuando na digitalização e 24 na higienização de processos.

 

Estudante segura cartilha do projeto “Justiça de Olhos Abertos”

 

Agenda2030