Iniciativas simples, mas que geram economia de recursos para o Poder Judiciário, contribuem para preservação da natureza e promovem uma nova consciência nos servidores. É o que mostra a quarta matéria da série Sustentabilidade

Os servidores da Secretaria Judiciária de Primeiro Grau de Fortaleza III (Sejud III), do Fórum Clóvis Beviláqua (FCB), decidiram cuidar do meio ambiente de forma concreta e a iniciativa deu muito certo. A campanha, que teve o tema “Por um mundo mais sustentável”, gerou repercussão positiva em outros setores do Fórum, que perceberam que é possível fazer o mesmo com o apoio dos colegas.
Desde o ano passado, por sugestão da diretora do setor, os servidores da Secretaria entraram em consenso e decidiram zerar o uso de copos descartáveis e de folhas de papel ofício. A ação, que parecia ousada no início, só foi possível com a adesão de todos os funcionários da sala, que fizeram pequenas mudanças para adaptar a rotina de trabalho sem os dois insumos mais importantes no dia a dia do Judiciário cearense. Por meio de debates e reuniões, a equipe traçou a meta de reduzir, aos poucos, o uso desses materiais e os números chegaram a zero no mês de outubro.
A iniciativa começou em junho de 2018, há exatamente um ano, quando a diretora da Secretaria, Renata Sales, fez levantamento do número de copos descartáveis usados no setor para fazer um novo pedido e se surpreendeu. “Percebi algo diferente. Me assustei quando vi que consumíamos muitos copos descartáveis por mês. Era a Semana do Meio Ambiente de 2018. Sentei com a equipe e pedi a ajuda deles, nós precisávamos fazer alguma coisa para solucionar aquilo”. Após a constatação, os servidores que compõem um grupo de aproximadamente 25 pessoas, pensaram em uma alternativa para diminuir o uso de copos. “Foi aí que surgiu a ideia de trazermos canecas de casa. Os servidores realmente aderiram e essa foi a parte mais interessante: cada um foi trazendo um objeto diferente, customizado, que remetia a algo simbólico e afetivo. O mais bacana de tudo é que algumas pessoas presentearam outras que não tinham o objeto em casa, despertando muita generosidade e cumplicidade entre os membros da equipe”, concluiu a diretora.
O grupo do WhatsApp da Secretaria também foi essencial para a formação da consciência coletiva dos servidores. Todos os dias, os colegas de trabalho compartilhavam entre si informações sobre os riscos causados pelo plástico no meio ambiente. Através de pesquisas mais aprofundadas e compartilhamentos, os usuários descobriram, por exemplo, que o material torna-se nocivo ao homem quando utilizado com líquidos quentes em seu interior, fator que fez a equipe cogitar o uso de canecas de porcelana, que são mais duráveis, resistentes e não oferecem risco à saúde das pessoas.
CONCURSO DE CANECAS
Após o período de readaptação, quando todos os membros da Sejud III já haviam se adequado à mudança, houve, por iniciativa dos próprios servidores, um “concurso de canecas”, que foi registrado em tempo real pela Assessoria de Comunicação Social do Fórum. O momento, lúdico e celebrativo, coroou a nova etapa que a equipe estava vivendo com bom humor e muita alegria. Na ocasião, os colegas de trabalho elegeram critérios para a escolha do objeto mais bonito e significativo. A vencedora do concurso foi a analista judiciária Ana Sicília Ponte, que se sobressaiu com sua “caneca alemã”.
Gilberto Teixeira, servidor da Sejud III, lembrou que o número de copos descartáveis usados no local em junho do ano passado era alto. “Nós não percebíamos que usávamos tantos descartáveis, entre copos água e de café. Só íamos usando de acordo com as nossas necessidades do dia a dia, sem atentar para a demanda que isso gerava. Quando nos reunimos e nos foram apresentados os números, vimos que não dava mais para esperar. Era preciso fazer algo pela natureza, e logo. Foi uma questão de consciência ambiental e de respeito”, comenta o servidor.

UMA NOVA CONSCIÊNCIA
Gilberto ressaltou que a quantidade de folhas de papel utilizada também gerou incômodo que impulsionou os colegas a realizar mudanças concretas, como o reuso de folhas como “borrões”, por exemplo. “Zerar o uso de papel foi mais trabalhoso, porém imensamente gratificante. Nós vimos que com união e respeito à natureza é possível. Hoje temos uma equipe empenhada e atenta ao uso dos principais insumos do Judiciário. Reduzimos os danos à natureza e os gastos elevados com esse material”.
Sérgio Sousa, técnico judiciário que aderiu à campanha, lembrou que a iniciativa gerou muita união na equipe. “Nós estamos mais alegres, celebramos mais as pequenas vitórias. Aumentou em nós valores como respeito e generosidade. A ideia, no início, era promover um cuidado para com o meio ambiente. Essa iniciativa acabou se refletindo em nós, que não somos mais os mesmos”, afirmou. Sérgio ressaltou também que depois da campanha, os colegas de trabalho passaram a se preocupar mais com a própria saúde. “Percebemos que tudo está relacionado. O cuidado com a nossa casa comum gerou tanto respeito à vida, que nos fez refletir sobre os nossos hábitos de saúde no cotidiano. Muitas pessoas da equipe estão fazendo exercício físicos, cuidando mais do corpo e da mente”, reconheceu.
NÚMEROS DA CAMPANHA
Junho de 2018 (Início)
Copos de água: 1.800
Copos de café: 4.500
Resmas de Papel: 117
Julho de 2018
Copos de água: 1.239
Copos de café: 4.325
Resmas de Papel: 101
Agosto de 2018
Copos de água: 723
Copos de café: 4.173
Resmas de Papel: 90
Setembro de 2018
Copos de água: 200
Copos de café: 3.956
Resmas de Papel: 71
Outubro de 2018 até junho de 2019
Copos de água: 0
Copos de café: 0
Resmas de Papel: 0