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Servidor amarga perda salarial e endividamento

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Negócios Pág. 02 27.10.2009
Amanhã é celebrado o Dia do Funcionário Público. Categoria reivindica plano de cargos e salários e concursos
O servidor público não tem motivos para comemorar, amanhã, o seu dia. Com perdas salariais que atingem 134% e com 90% da categoria com algum nível de endividamento, esse profissional reivindica plano de cargo e salário, que corrija distorções, e a realização imediata de concursos públicos. A insatisfação é comum nas três esferas: federal, estadual e municipal.
Segundo José Airton Lucena Filho, coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do Estado do Ceará (Mova-se), “a categoria já acumula, em média, perdas de até 65%. O governo não tem interesse em negociar e complicou mais com a redução do limite de empréstimo de 40% para 30% nos consignados”, relatou.
Para ele, “o funcionário público não tem motivos para comemorar. Além da retração dos salários, 80% dos servidores estaduais estão endividados. Com esta nova medida do governo, vai chegar um ponto que vai ter colega que não terá dinheiro na conta no fim do mês”, reclama.
Entre os servidores públicos federais, a situação é relatada como mais grave. Roberto Luque, coordenador geral do Sintsef (Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal e Estadual do Ceará), afirma: “Passamos 12 anos sem reajuste. Ao longo desse período, acumulamos 134% de perdas salariais. Recentemente conseguimos um porcentual de reposição, mas mesmo assim ainda precisaríamos de 100% de aumento para recompor os ganhos”, contabiliza.
“Agora mesmo, nosso calendário de campanha está de luto, pois não estamos conseguindo retomar as negociações. Paralisamos nos dias 15 e 16 deste mês e estamos planejando parar no próximo dia 11 de novembro, visando a reabertura dos nossos encontros”, lamenta.
Outro ponto que deixa o servidor bastante insatisfeito diz respeito à terceirização. “Mesmo com nossas reivindicações, 40% das atividades são realizadas por terceirizados. O governo precisa realizar mais concursos públicos”, destaca Luque.
Ele chama atenção também para o número expressivo de servidores com sua receita comprometida. “Digo sem receio de errar, existem mais de 90% dos funcionários públicos federais endividados – ou nos bancos ou com agiotas”. “Alguns estão precisando fazer bico para complementar a renda”.
Remuneração baixa
Para Narcélia Silva, presidente do Sindfort (Sindicato dos Servidores do Município de Fortaleza), “os servidores municipais vêm acumulando perdas históricas, que nem reivindicamos mais. O nosso mais recente estudo relativo aos últimos dois anos aponta para um reajuste em torno de 13% e até agora, não conseguimos nada”. “O nosso plano de cargos e carreira, aprovado em 2007, era para entrar em vigor um ano depois, não corrigiu as distorções. A nossa data-base não foi respeitada e estamos com salários muito baixos”, lamenta.
GRAVIDADE
Além da retração dos salários, 80% dos servidores estaduais estão endividados”
Roberto Luque
Coordenador geral do Sintsef