Projeto inédito “Vamos Falar de Nós” orienta alunos da zona rural de Viçosa do Ceará sobre combate à violência doméstica
- 2051 Visualizações
- 28-06-2023
Com o intuito de sensibilizar e incentivar a participação de estudantes na construção de novos padrões de relacionamento e comportamentos que não reproduzam atos de violência contra a mulher, a 1ª Vara da Comarca de Viçosa do Ceará iniciou o projeto “Vamos falar de Nós – Grupo de Reflexão para Autores de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher”. O evento ocorreu na sexta-feira, (23/6), na Escola de Ensino Fundamental Isaac Vieira do Espírito Santo, no Sítio Passagem Florida, zona rural da cidade. A região tem um dos maiores índices de incidência de casos de violência doméstica no município.
A palestra de abertura, que compõe um dos eixos metodológicos do projeto, foi conduzida pela juíza da Comarca e diretora do Fórum, Josilene de Carvalho Sousa, idealizadora da iniciativa. Também foram palestrantes: oficial de justiça da Comarca, Leandro Moreira Fontenele; Lilian de Carvalho, do Movimento Ibiapabano de Mulheres; o prefeito de Viçosa, Francisco José Cardoso; o defensor público Samuel Figueira; a secretária de Educação de Viçosa do Ceará, Willia Andrade; e o inspetor da Polícia Civil Sérgio Melo. Também estiveram presentes o representante da OAB – Subsecção Serra da Ibiapaba, Agnes Abreu, e o coordenador do Curso de Direito da Faculdade Via Sapiens, Maxwânio Vasconcelos.
“Através dessas palestras, nós tentamos conscientizar os jovens acerca da questão da violência doméstica, de como devem ser desconstruídos os estereótipos, de como isso afeta a vida das pessoas envolvidas, por que a violência doméstica está inserida em um contexto que prejudica tanto a vida da mulher, como dos filhos”, ressalta a magistrada. Ela informa, ainda, que um dos objetivos do projeto é ser expandido para todas as comarcas localizadas na Serra da Ibiapaba.
Na ocasião, a juíza apresentou as atribuições do Poder Judiciário, e o oficial de justiça da Comarca de Viçosa, Leandro Fontenele, abordou sobre as atitudes que um oficial de justiça deve ter diante de uma situação de violência. O evento contou com apresentações artísticas dos estudantes acerca do tema.
CASOS DE VIOLÊNCIA EM VIÇOSA
A Comarca de Viçosa do Ceará tem registrado alto índice de casos de violência doméstica. Nos primeiros quatro meses de 2023, a média mensal foi de 15 pedidos de medidas protetivas. Além das medidas, há casos de feminicídios e crimes como ameaça, difamação, injuria, calúnia e lesão. “Contudo, esse número é bem maior, uma vez que há cadastros com classificação processual errada, o que dificulta a pesquisa; e há um número considerável de casos que não são notificados às autoridades, especialmente na zona rural”, explica a juíza.
Ainda segundo a magistrada, na Comarca de Viçosa, “percebe-se que vários agressores voltam a praticar os mesmos atos, seja com a mesma vítima (muito comum o casal reatar), seja com vítimas diversas. Assim, a inclusão dos homens autores de violência precisa ser considerada parte importante da solução dessa problemática. Se eles são parte do problema, precisam ser considerados parte da solução”.
SOBRE O PROJETO
Elaborado pela juíza Josilene de Carvalho Sousa, o projeto “Vamos Falar de Nós – Grupo de Reflexão para Autores de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher” tem o objetivo de reduzir índices de violência doméstica e implementar a política de proteção às vítimas, visando à promoção da justiça e da equidade social.
As atividades e ações da Rede de Enfrentamento destinam-se às vítimas de violência doméstica, à família e aos homens (autor do fato). Conta com equipe multidisciplinar, do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), através de acordo interinstitucional entre Poder Judiciário (1ª Vara da Comarca de Viçosa do Ceará), Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil (Subsecção Ibiapaba); Defensoria Pública, Universidade FIED/Uninta e Via Sapiens, além de parceiros do Direito Público e Privado.
O projeto será desenvolvido com base em quatro eixos, sendo eles, respectivamente: o acolhimento humanizado da vítima; a atuação junto aos agressores; a educação permanente de agentes sociais; e a prevenção e sensibilização nas escolas.