Projeto de aprendizagem apoiado pelo TJCE já transformou a realidade de 166 jovens em unidades de acolhimento
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- 07-11-2024
Com o objetivo de contribuir ativamente para que jovens em acolhimento institucional tenham um desenvolvimento social e profissional adequado, o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) participa, há 7 anos, do “Projeto Abrigar”. A ideia é viabilizar ao grupo a oportunidade de aprender sobre o mercado de trabalho junto a diversas empresas. Somente entre 2017 e setembro de 2024, 166 aprendizes foram beneficiados.
A diretora do abrigo Sítio Mel, Silvia Amorim, explica que, frequentemente, quando chegam às unidades de acolhimento, os adolescentes trazem consigo experiências e dores particulares que refletem o contexto social onde estavam inseridos. “Infelizmente, muitas vezes, isso inclui o uso abusivo de substâncias, tráfico e violência. Nós iniciamos aqui um trabalho de desconstrução disso, para apresentar outros caminhos que, às vezes, parecem muito utópicos”, detalha.
Para ela, a viabilização de atividades laborais ajuda a mudar a forma com a qual os adolescentes enxergam as suas próprias realidades, provocando uma verdadeira transformação social. “A inserção das nossas adolescentes no Projeto trouxe outros olhares, novas expectativas. São meninas que têm as suas responsabilidades, buscam estudar, e têm apresentado, inclusive, melhoras significativas na questão do ensino formal”, orgulha-se a diretora, que considera o Abrigar uma ferramenta de lapidação da autonomia, de uma maneira responsável, e com uma perspectiva de construção que gera resultados que reverberam por toda a vida dos jovens contemplados.
“Esse projeto fez eu crescer mais. Ter meu primeiro emprego foi muito bom para mim. Quero continuar trabalhando para ter meu futuro, ter minhas ‘coisinhas’. Quando a gente trabalha, a gente conhece coisas novas e fica interessado. Não quero parar, quero correr atrás para um dia eu conseguir tudo aquilo que eu desejo”, conta N*, de 17 anos, que participa da iniciativa desde março de 2024.
Para Elizabeth Pinheiro, que dirige o abrigo Renascer, o Projeto Abrigar é um “divisor de águas”. “Aprender dentro das empresas cria, para esses jovens, oportunidades variadas, pois recebem a preparação e o discernimento para lidar com as situações do mundo corporativo”, avalia.
A diretora conta que, ao longo dos anos, já pôde observar casos de aprendizes que, após o fim do período no projeto, foram efetivamente contratados pelas empresas onde estavam atuando. “Sabemos que é um mundo muito competitivo. Então, conseguir obter esses resultados é muito gratificante. Nossa expectativa é essa: que sejam inseridos no mercado de trabalho”, relata.
COOPERAÇÃO
O Projeto Abrigar é fruto de parceria entre o TJCE, a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS), a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial do Ceará (Senac), a Federação do Comércio do Ceará (Fecomércio), a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Ceará (SRTE-CE), o Ministério Público (MPCE) e o Projeto Viva Vida. Firmado em agosto de 2017, o Acordo de Cooperação Técnica foi criado com o intuito de fomentar estratégias e ações contínuas de desenvolvimento técnico-profissional para adolescentes em situação de vulnerabilidade que estão abrigados em instituições de acolhimento na Capital.
*A inicial foi alterada para proteger a identidade da fonte