Programa de Lideranças Femininas do TJCE lança Rede Colaborativa para incentivar integração de mulheres do Judiciário
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- 14-07-2023
Lançada no Fórum Clóvis Beviláqua, na tarde desta sexta-feira (14/07), a Rede Colaborativa do Programa de Fortalecimento de Lideranças Femininas do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE). A iniciativa consiste na criação de grupo de magistradas e servidoras de todo o Estado, para construir colaborativamente o programa e promover o engajamento nas ações propostas, incentivando a participação em todas as mulheres que fazem o Poder Judiciário cearense, com desenvolvimento de competências e a integração.
Na ocasião, a corregedora-geral da Justiça do Ceará, desembargadora Edna Martins, expressou sua alegria e satisfação em participar do evento e ressaltou, em seu discurso, a força da palavra “líder”. Mencionou a desembargadora Maria Nailde Pinheiro Nogueira como “a figura feminina que mais me deu essa ideia de liderança, por todas as atitudes que ela já tomou, de como se portou e liderou o Tribunal de Justiça”.
A magistrada declarou que esta é a primeira vez em que ocupa um cargo de gestão e, trazendo um histórico da atuação de mulheres como presidentes ou corregedoras no Judiciário, incentivou a participação feminina. “É preciso que as mulheres ocupem este espaço que, até agora, ficou concentrado nas mãos dos homens.”
A diretora do Fórum, juíza Solange Menezes, considerou o momento “revolucionário” e parabenizou a juíza Ana Cristina de Pontes Lima Esmeraldo, cogestora do Programa, pela realização da iniciativa. “Fico muito feliz por testemunhar este momento aqui no Judiciário. Somos maioria começando a ocupar os espaços, ainda timidamente, mas conseguindo chegar e dar conta muito bem das missões que nos são confiadas”, comemorou.
A magistrada falou do Clube de Leitura “Esperança Garcia”, que integra um dos eixos do Programa e leva o nome de uma mulher negra, mãe e escravizada que denunciou situações de violência que ela e seus filhos sofriam, registradas em uma carta endereçada ao governador da capitania do Piauí, em 1770. Esperança Garcia foi reconhecida pela OAB/PI como a primeira advogada piauiense, 247 anos depois da escritura da carta.
Para a cogestora do Programa de Fortalecimento de Lideranças Femininas, juíza Ana Cristina, “todo e qualquer passo na direção da busca da igualdade de gênero será significativo, então é com esse pensamento que a gente aqui se reúne: para dar um passo”.
A magistrada apresentou as diretrizes e objetivos do Programa, destacando que o momento “é de diálogo, de reflexão, mas, especialmente, de apresentação, aproximação e integração para realização de um projeto que nos une a todas nós fortemente, não só pelo gênero comum que ostentamos, mas pelos compromissos que temos como mulheres integrantes do Poder Judiciário cearense”.
ESTATÍSTICAS
A juíza Ana Cristina apresentou dados relevantes para discussão da importância de se ter mais mulheres líderes. Segundo os números apresentados, as mulheres são 52% da população e têm maior índice de escolaridade, em comparação aos homens e, ainda assim, ocupam apenas 37% dos cargos gerenciais no Brasil. “Todas nós sabemos que ser mulher significa, estatisticamente, ter menos oportunidades de crescimento profissional e receber menos do que os colegas homens ao desempenhar a mesma função. Talvez nem consigamos enxergar essas diferenças de forma tão clara no serviço público, mas quando colocamos como filtro a ocupação de cargos de gestão, de liderança, essa distância vira abismal e evidencia a grande desigualdade vivida por nós, mulheres do Judiciário.”
Conforme dados levantados pela magistrada, o Judiciário cearense conta, atualmente, com 6.361 pessoas laborando, sendo 3.288 mulheres. “Conhecer esses números é extremamente importante como afirmação de atuação da mulher no Judiciário. Este é o propósito inicial: saber quantas somos, quem somos e onde estamos”, finalizou.
Na ocasião, a líder técnica da iniciativa, Camila Alencar de Freitas, detalhou os eixos do Programa, divididos em políticas e práticas inclusivas, desenvolvimento de habilidades, visibilidade e construção de relacionamentos, além de mentoria e aconselhamento.
A PALESTRA
A palestra foi realizada pela sócia-fundadora da DAAD Transformando Pessoas, empresa de educação corporativa e gestão de pessoas, Adriana Cabral, que conduziu o assunto com dinamismo e apresentou conceitos importantes para a reflexão do tema. Para a palestrante, “liderar envolve a capacidade de a pessoa ser autêntica e verdadeira. Isso inspira as pessoas. Liderança não tem nada a ver com cargo, por isso que todas nós podemos atuar de forma muito forte nesta Rede, independente dos cargos que vocês estão ocupando”.
‘TRANSFORMAÇÃO’
Para a supervisora da 2ª unidade do Juizado Especial Cível e Criminal de Juazeiro do Norte, Rhaissa Kedna Nunes, “este evento marca o início de uma grande transformação no Tribunal, pois a maioria é de mulheres e eu vejo que nos unimos bastante, que trabalhamos muito juntas e o Programa veio para fortalecer e valorizar essa união”. Formada em Direito, ela declarou ser uma pessoa “apaixonada por gestão”, desde que iniciou sua função no Tribunal.
A servidora expressou ainda o desejo que “o projeto cresça cada vez mais e que cada mulher que compõe o Tribunal de Justiça possa, de fato, se sentir parte disso e dar sua contribuição, pois é para melhoria do nosso trabalho como mulher, mas também para a sociedade”.
SAIBA MAIS SOBRE O PROGRAMA
A iniciativa integra o Programa de Modernização do Judiciário Cearense (Promojud), iniciativa que busca promover uma mudança profunda e estrutural na Justiça do Ceará, com foco na transformação digital.
O Programa de Fortalecimento de Lideranças Femininas promove capacitações para desenvolver as lideranças femininas do Judiciário cearense, realiza ações de valorização, bem como define políticas de incentivo à participação institucional feminina.
O Projeto está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda da ONU 2030. No caso, essa ação do TJCE diz respeito especificamente ao ODS de nº 05, que tem como finalidade “alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”.