Para dar continuidade ao ?Curso Adoção – Um Novo Nascimento?, promovido pela Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional do Ceará (Cejai-CE), a presidente da Organização Não Governamental (ONG) Projeto Acolher, do Rio Grande do Sul, Sylvia Nabinger, ministrou, na manhã desta terça-feira (26/10), palestra na Esmec sobre as questões acerca da preparação dos candidados para a adoção.
O objetivo foi capacitar os profissionais que atuam no sistema de Justiça, privilegiando a filosofia básica e os princípios éticos que norteiam a adoção, entre eles, os direitos fundamentais da criança e do adolescente à convivência familiar e comunitária.
Durante a palestra, Nabinger destacou que a motivação é um dos principais critérios a serem trabalhados com os candidados. Ela explicou que é preciso traçar um perfil concreto dos candidados, objetivando, sobretudo, conhecer a história dessas pessoas quando crianças, seus medos, sonhos, receios e relações afetivas ao longo da vida.
Outro aspecto relevante é a questão da infertilidade dos candidados. ?Trata-se de um problema, pois a maioria dos candidados não têm sucesso com fertilidade e buscam na adoção uma maneira de suprir essa situação?. Por isso, disse ela, é necessário também conhecer a extensão familiar dos candidados, saber como é o cenário no entorno da família que vai acolher a criança. ?Essa não é uma etapa determinante para a adoção ou não, mas precisamos analisar?, enfatiza.
A presidente da ONG Projeto Acolher ressaltou, ainda, a importância de mostrar aos candidados à adoção, a história da criança pretendida, não escondendo a realidade, pois de acordo com ela, a maioria tem pais com problemas referente às drogas, assassinatos, esquizofrenia, dentre outros.
Estatística apresentada revelou que atualmente o Cadastro Nacional de Adoção (CNA) possui 30 mil candidados. O Estado de São Paulo possui o maior número, com 7.011, seguido pelo Rio Grande do Sul com 4.430. O Ceará está na 12ª posição com 329 candidados. Os dados demonstraram também que, ao todo, são 7.335 crianças disponíveis para adoção no momento, dos quais 4.683 só na região Sudeste do país. O Nordeste possui 752 crianças disponíveis. Para Nabinger, o grande problema da adoção no Brasil é a disparidade entre candidados e crianças disponíveis, isso porque muitas vezes os candidados escolhem perfis indisponíveis.
Participaram do evento magistrados, promotores de Justiça, defensores públicos, conselheiros tutelares, conselheiros de direitos e profissionais que atuam na rede de serviços, incluindo gestores de políticas públicas de assistência social, saúde e educação.