30.11.2010 Fortaleza
Expulso da PM na última sexta-feira, Yuri da Silveira foi solto do Presídio Militar. O acusado de ter assassinado o adolescente Bruce Cristian de Sousa Oliveira, 14, em julho, deve aguardar o julgamento em liberdade
Bruce Cristian de Sousa foi morto no dia 25 de julho (IGOR DE MELO) O soldado Yuri da Silveira Alves Batista foi solto do Presídio Militar na manhã de ontem. O pedido de alvará de soltura feito pelo advogado Ernando Uchoa foi acatado pela juíza titular da 5ª Vara do Júri, Valência Aquino, na sexta-feira, 26. Entretanto, a solicitação somente foi atendida três dias depois ?e de forma indevida?, conforme classifica Uchoa. O defensor afirma que deve reunir provas e decidir se vai entrar com um processo contra o Presídio Militar.
?Nós vamos primeiro colher toda a documentação relativa a esse fato (a soltura de Yuri), saber o que aconteceu, para depois decidir se entramos com uma ordem judicial?, afirma o advogado. Conforme esclarece, uma determinação do Conselho Nacional de Justiça obriga os diretores das unidades prisionais o cumprimento imediato de ordens e alvarás de soltura. No caso de Yuri, isso não foi respeitado.
Bruce Cristian de Sousa Oliveira, 14, foi atingido por um tiro na nuca disparado pelo então PM Yuri da Silveira, do Ronda do Quarteirão, no dia 25 de julho. Bruce voltava com o pai de moto na avenida Desembargador Moreira. O crime colocou em xeque o treinamento dado aos PMs.
O pedido de revogação da prisão cautelar foi embasado, de acordo com Ernando Uchoa, ?pela desnecessidade da manutenção da custódia?. De acordo com o advogado, o homicídio foi um fato isolado. ?A juíza verificou o comportamento exemplar de Yuri no Ronda. Já não se verifica uma opinião voltada totalmente contra ao Yuri?, atribui. Em nota, a juíza afirma que, embora gravíssimos os fatos em tese praticados, não consta nenhuma informação sobre eventual prática de outros delitos.
Yuri deve aguardar o julgamento em liberdade. No mesmo dia em que a juíza acatou a decisão, o soldado foi expulso da PM. Além do processo judiciário, Yuri foi submetido a um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD). De acordo com o coronel Severiano, subcomandante da PM, três oficiais colheram informações e, ao final, deram o parecer favorável à expulsão do soldado. ?Eles viram que o fato que ele praticou impossibilitava a permanência na corporação?. A exoneração foi publicada no Diário Oficial da última sexta-feira.
O major Marcos Costa, relações públicas da PM, informou que o alvará de soltura chegou no Presídio Militar por volta das 18h30min e, antes de executá-lo, é regra verificar se existe outra pendência. Foi verificado, segundo ele, que havia uma ordem de prisão da Auditoria Militar. ?Foi preciso, então, aguardar o próximo dia útil, no caso segunda, para que a Justiça Militar também atestasse a soltura?, afirma.
Quem
ENTENDA A NOTÍCIA
O agora ex-soldado do Ronda do Quarteirão, Yuri da Silveira, era policial da turma 2007 e estava ainda em estágio probatório quando Bruce Cristian foi baleado e morto. Nesse estágio, os agentes passam pela avaliação de sua conduta antes de serem efetivados na corporação.
SAIBA MAIS
O advogado garante que desde que estava detido no Presídio Militar, Yuri emagreceu demasiadamente, está fraco e deprimido. ?Ele está precisando com urgência de atendimento médico e psicológico.
O soldado estava preso desde 27 de julho, por ordem da juíza Antônia Dilce Rodrigues Feijão, titular da Vara de Auditoria Militar, mantida posteriormente pelo juiz Raimundo Deusdeth Rodrigues Júnior, que estava respondendo pela 5ª Vara do Júri.
Angélica Feitosa
angelica@opovo.com.br