Mês das Mulheres: servidoras se reúnem em corrente de inspiração
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- 27-03-2025
Forte, trabalhadora, alegre, sábia. Esses são alguns dos adjetivos utilizados para descrever mulheres que fazem o Judiciário cearense. Em uma corrente de inspiração no Mês das Mulheres, servidoras do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) expressam como se sentem sobre si e sobre outras mulheres que as inspiram e tornam seus dias mais leves.
“Aqui no Judiciário, eu só senti apoio, colaboração. Nunca me senti competindo com nenhuma mulher e nem senti que nenhuma delas compete comigo. Nunca senti isso. Cada uma traz uma realidade, traz um ensinamento”, ressaltou Jucélia de Castro, chefe do Núcleo de Governança da Escola Superior da Magistratura (Esmec) e integrante do Comitê de Equidade de Gênero do Tribunal de Justiça.
Jucélia foi indicada como uma inspiração por Rosângela Evangelista, que abordou a habilidade de ser multitarefas. “A gente pode estar com o maior sufoco do mundo, mas sempre está pronta para resolver as coisas. A gente não tem esse costume de deixar as coisas para depois. Então, quando eu vejo uma mulher, eu vejo a luta dela”, disse. Ao indicar Jucélia, Rosângela pontuou: “eu gosto muito do estilo dela de trabalhar, a forma franca de agir, a forma verdadeira de conduzir os seus liderados. Me inspira muito”, afirmou.
Rosângela é coordenadora de curso de magistrados(as) e servidores(as) na Esmec e falou sobre o quanto se sente grata ao ter seu trabalho reconhecido pelos(as) participantes. “Isso também me inspira a fazer com que o professor tenha um pouco desse meu amor pela docência, sabe? Pelo aprender, pela descoberta. Porque um Judiciário não é só Justiça. O Judiciário é educação, o Judiciário é transformação”.
Com tanto a ensinar, Rosângela foi uma inspiração para a servidora Gemma Timbó, que atualmente trabalha na Secretaria Judiciária (Sejud) de 1º Grau. “Quando eu saí para as varas criminais, ela foi para a Esmec. Cursou Direito e hoje desenvolve um trabalho que me orgulha demais. Quando ela me mostra foto dela indo pra Brasília, dando cursos para juízes, sabe, na área da pedagogia, pra mim, ela é uma inspiração”, salientou Gemma.
No Judiciário há 39 anos, Gemma viu de perto toda a evolução de uma maior presença de mulheres na Justiça. “O lugar de mulher é onde ela quiser. Sempre a gente diz isso. Porque a mulher, além de administrar a casa, administrar a família, ela administra qualquer setor e muito bem”. Para a servidora, quando as mulheres estão na administração, a gestão de pessoas flui com mais leveza. “Diante dos problemas a gente não fica com medo, a gente enfrenta, é um dom da mulher, é o sexto sentido dela pra isso”, concluiu.
“O que é melhor do que se inspirar em mulheres fortes, inteligentes e que já têm toda uma história para repassar para as que vão chegando?” Foi assim que Jacira Santana se referiu à Gemma, ao citá-la como sua inspiração no Judiciário. “Ela vem de um histórico de determinação, superação e força, sempre disposta a ajudar, não só de passar pelas várias fases do Judiciário, como também de luta por melhorias e igualdade”.
Jacira é outra servidora com bastante tempo no Judiciário. São quase 30 anos de dedicação ao Tribunal, praticamente seu primeiro emprego. Atualmente na 32ª Vara Cível de Fortaleza, ela relatou que no seu trabalho se sobressai a visão humanizada, característica de um olhar mais feminino. “Você se vê na pessoa que atende, consegue identificar os dramas dela, então não é só mais uma pessoa que eu estou atendendo. Cada pessoa que vai à sua procura tem um determinado problema e merece do serviço público o melhor atendimento possível. Nós, como mulheres, temos que dar o exemplo e dar esse tratamento mais humanizado possível”.

Também do concurso de 1995, Mércia Cardoso conheceu Jacira pelo telefone. “Quando eu era servidora do Juizado na Maraponga, ela resolvia todas as minhas questões com toda atenção, toda delicadeza. Quando eu vim para o Fórum, eu a conheci pessoalmente e pude comprovar como ela é, uma irmã, uma amiga que se preocupa, não só por questão de trabalho, mas com um cuidado que é próprio dela”, disse.
Atuando no Centro Especializado de Apoio às Vítimas da Comarca de Fortaleza (CEAV), Mércia Cardoso citou ações como o Clube de Leitura Esperança Garcia, que auxiliam na valorização da mulher nesse espaço. “No passado, quando cheguei ao TJ, não tinha nada disso e agora a gente vê que as coisas vão mudando. Temos mais de 20 desembargadoras atualmente e isso é uma realidade impactante, conheço outras realidades que ainda são bem diferentes”.
Trabalhando ainda nas comissões de Políticas Judiciárias pela Equidade Racial (CPJER) e de Heteroidentificação (incluindo a Recursal), Mércia falou sobre as conquistas, bem como das lutas que ainda trava, principalmente na valorização da mulher negra. “A mulher no Poder Judiciário, pra mim, é um símbolo, não só porque eu me dedico à defesa dos direitos das mulheres desde adolescente. A gente luta sempre para colocar as mulheres nesses diversos espaços onde ela merece e deve estar. Eu sinto uma alegria muito grande, mas sinto que ainda falta, principalmente no que diz respeito às servidoras negras, acadêmicas, com esse perfil, ainda são escassas”, destacou.
A corrente de inspiração, simbólica, se encerrou com Neide Machado, auxiliar de serviços gerais. No Judiciário há cinco anos, ela não escondeu a emoção de ser lembrada por Jucélia. “Foi uma surpresa grande. Eu não esperava, sinceramente não esperava. Eu sempre procuro atender todo mundo bem, tratar todo mundo bem, porque eu acho que se a gente chegar pra baixo, de cara feia, com problema, não vai resolver. É um reconhecimento que fortalece e nos lembra que juntas somos mais fortes, que nosso trabalho transforma vidas”, concluiu.
Reconhecer o papel essencial das mulheres no Judiciário, cujas histórias de superação, força e colaboração continuam a inspirar gerações. É uma corrente de inspiração que fortalece. Cada uma delas, com sua trajetória única, contribui para um ambiente mais humano, equitativo e transformador, refletindo o impacto positivo de suas ações tanto no sistema de Justiça quanto na sociedade.
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