Menina reconhece estuprador
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- 18-01-2010
Polícia Pág. 19 17.01.2010
Garota de 12 anos, violentada em 2009, viu as imagens do homem que confessou a morte de Alanis e o reconheceu
A corrida inocente e as brincadeiras pelas ruas do bairro Jardim Jatobá das primas Joana e Valéria (nomes fictícios) de 12 e 9 anos, não refletem o drama vivido por elas há menos de um ano, mais precisamente no dia 10 de junho de 2009. Nesse dia, elas afirmam terem sido atacadas por Antônio Carlos dos Santos, 30, o ´Casim´ ou ´Maníaco do Canal´. Conseguiram escapar da morte, mas ficaram marcadas pelo medo.
No começo da tarde do dia 10, quando voltavam de um mercadinho no bairro onde moram, a adolescente Joana, 12, foi estuprada e a prima Valéria, 9, foi obrigada a assistir à cena de violência. Na época, o acusado não foi identificado e o caso permaneceu sem nenhuma resposta até a última quarta-feira.
Após a divulgação da imagem de ´Casim´, em vários meios de comunicação, as duas garotas apontaram o assassino confesso da pequena Alanis Maria Laurindo, 5, como sendo o homem que raptou as duas e violentou uma delas. Com o reconhecimento positivo, a família das meninas resolveu procurar a Polícia para revelar o fato.
Ameaças
Segundo o relato das meninas aos parentes, as duas voltavam de um mercadinho próximo de casa, onde haviam ido comprar carne, quando foram abordadas por ´Casim´. “Ele disse: anda comigo, senão eu mato as duas”, contou uma das garotas. A partir desse momento, a alguns metros da residência das duas, o maníaco passou a controlá-las e as obrigou a andar em direção a um matagal, sempre fazendo ameaças. No caminho, uma das meninas ainda chegou a tentar avisar a uma parente, também criança, mas ela não entendeu, quando viu as duas passando da rua de casa e indo em uma direção oposta.
Ao chegar ao matagal, agindo com extrema violência, o homem violentou a adolescente, enquanto ameaçava a menina mais nova. Depois do abuso, diferente da menina Alanis, que foi assassinada covardemente, elas conseguiram se desvencilhar do acusado e fugiram correndo para casa.
De acordo com uma tia da garota (identidade preservada), o caso foi comunicado à Polícia. “No dia do ocorrido, depois que ela chegou chorando, arranhada e com as roupas rasgadas, nós chamamos o Ronda do Quarteirão, mas não adiantou nada. Eles (policiais) foram ao matagal, onde ocorreu o crime, não encontraram nada e foram embora”, contou.
No dia seguinte, a vítima, acompanhada da mãe e da tia, se dirigiram ao 32º DP (Bom Jardim). Lá, foram informadas que ali não estava sendo realizado nenhum Boletim de Ocorrência naquele dia. Em seguida, se dirigiram ao 12º DP (Conjunto Ceará) e registraram o caso.
De lá, receberam uma guia para realização de exame de corpo de delito e foram até a Coordenadoria de Criminalística (CC), da Perícia Forense. “O resultado, nós nunca recebemos, mas ouvi quando o médico falou em um rompimento”. Segundo o relato da tia das meninas, dois meses depois do fato, o acusado foi visto por uma delas em um campo de futebol. “Quando ela olhou para ele começou a se tremer e pediu para sair de lá, que o homem que tinha atacado a prima dela estava lá”, disse a tia da criança.
Reconhecido
O homem, supostamente ´Casim´, foi interpelado por algumas pessoas, mas negou o crime e saiu do local rapidamente. Depois disso, um novo susto. Com a exibição da imagem de ´Casim´, na Imprensa, as duas meninas confirmam que o homem responsável pelo abuso contra uma delas era realmente ele.
Na tarde de ontem, o delegado Lira Ximenes, disse por telefone à Reportagem, que teve conhecimento desse fato, mas segundo ele, seria necessário fazer uma verificação para saber se o caso não foi transferido para a Delegacia de Combate a Exploração da Criança e do Adolescente (Dececa), que é a delegacia responsável por apurar esses tipos de crimes. Contudo, essa verificação não seria possível ser feita no momento da entrevista, pois ele estava trabalhando na conclusão do Inquérito que apura a morte da Alanis.
A Reportagem tentou contato por telefone com a delegada Ivana Timbó, titular da Dececa, antes do fechamento da edição, mas o telefone celular da delegada estava desligado.
EMERSON RODRIGUES
REPÓRTER