Mais operações e DPs lotadas
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- 21-02-2011
Polícia 21.02.2011
PM aumenta as ações contra o crime na Capital. Resultado: mais prisões, mais armas apreendidas e delegacias abarrotadas
Setecentos e um presos nas delegacias da Polícia Civil em Fortaleza e sua região metropolitana à espera de transferência para o presídio, 304 armas de fogo apreendidas em apenas 50 dias (uma média de seis a cada dia, ou uma a cada quatro horas), e uma queda nos casos de homicídios nos fins de semana.
Este é o balanço de quase dois meses da nova gestão da Segurança Pública do Estado do Ceará. Com comando renovado, a PM intensificou as operações de saturação (patrulhamento ostensivo) nas áreas de maior registro de homicídios e partiu para uma ofensiva com blitze em conjunto com o Detran e a Semam nas principais avenidas da Capital, trechos urbanos das rodovias estaduais (CEs) e nas vias de acesso a bairros perigosos como o Bom Jardim e a Barra do Ceará.
Abafar
“Nossa intenção é tornar a Polícia Militar mais presente nas ruas. A ordem é abafar, enfrentar o crime nas áreas mais críticas da Capital e no Interior. Para isso, vamos trabalhar com mais inteligência. A meta é a ostensividade”, disse, ontem à noite, por telefone, o comandante-geral da PM, coronel PM Werisleik Ponte Matias.
Conforme o comandante, para que o trabalho tenha maior visibilidade e êxito, a ordem é para aumentar também a presença dos oficiais da corporação nas operações. “Estamos colocando capitães e tenentes nas ruas, no comando das operação, para dar mais respaldo aos policiais. Vamos colocar um tenente a cada turno de serviço em cada uma das companhias. Eles vão estar nas ruas, na coordenação das ações, serão, pelo menos, 13 tenentes por cada turno de trabalho”, assegura.
Desde o dia 1º de janeiro, a Editoria de Polícia vem mapeando as apreensões de armas de fogo na Grande Fortaleza, a exemplo do que já vem sendo feito desde 2009 com relação aos registros de homicídios.
Colateral
Com tantas operações nas ruas, um ´efeito colateral´ tem atingido a própria Segurança Pública. O alto número de prisões em flagrante e de captura de fugitivos da Justiça, tem provocado a superlotação das unidades da Polícia Judiciária. O número de vagas disponibilizadas pela Secretaria de Justiça para a Polícia Civil a cada semana está sendo incapaz de solucionar o problema. Até as 18 horas de sexta-feira, quando foi feita a última contagem, havia exatos 701 presos nas delegacias distritais e especializadas da Grande Fortaleza. “Certamente, este número já foi superado com as prisões registradas nos plantões de sexta-feira à noite, do sábado e de hoje”, afirmou, ontem, o diretor do Departamento de Polícia Especializada (DPE), delegado Francisco Jairo Pequeno.
“É um iminente risco de fuga. A toda hora nos chegam notícias de presos serrando grades, querendo fugir. Somente na (delegacia) Capturas estão cem presos. E há delegacias que estão superlotadas como o 34º DP (Centro), 12º (Conjunto Ceará), 30º (São Cristóvão) e no 17º DP (Vila Velha). Isto, sem contar as delegacias que estão em reforma e que não podem receber presos, como o 3º DP (Otávio Bonfim), 15º DP (Cidade 2000) e o Eusébio (metropolitana)”, diz Jairo Pequeno.
Vagas
De acordo com o diretor do DPE, a transferência dos presos das delegacias para as unidades prisionais, como as Casas de Privação Provisória da Liberdade (CPPLs), obedece a um procedimento estabelecido em reunião que envolveu a própria Polícia Civil, a Secretaria da Justiça (Sejus) e o juiz titular da Vara das Execuções Penais e Corregedoria dos Presídios, Luiz Bessa Neto. As unidades do sistema penal também estão abarrotadas de detentos e o juiz decidiu que elas só podem ser ocupadas com até o máximo de 20 por cento além de sua capacidade real.
A Reportagem percorreu várias delegacias distritais na última sexta-feira e obteve com o diretor do Departamento de Polícia Metropolitana (DPM), delegado Harley Alencar, os números de presos em cada unidade. A DP que apresenta maior número de detentos é o 30º, com 47 homens em seus xadrezes. No 12º DP há 35 presos.
XADREZES
Tentativas de fuga viraram rotina nas delegacias
A superlotação das delegacias tem causado um permanente estado de tensão entre os detentos e as tentativas de fuga não param de acontecer. No último fim de semana foram, pelo menos, duas. A primeira seria uma fuga em massa na carceragem da Delegacia de Capturas e Polinter, localizada na Rua Conselheiro Tristão, no Centro.
Cerca de 100 presos estão recolhidos naquela Especializada à espera de transferência. Na madrugada de sábado, um, grupo conseguiu serrar as grades de uma das celas e começaram a fazer escavações na parede da carceragem. Mas, um policial que estava na ´permanência´ (guarda) da Decap percebeu a movimentação estranha dos presos e pediu reforço.
Policiais do Batalhão de Choque (BpChoque), cujo Quartel fica ao lado da delegacia, chegaram a tempo e evitaram que os criminosos escapassem dali.
Maracanaú
Ontem à tarde, outros 25 presos também tentaram escapar. Eles começaram a cavar buracos e a serrar grades da Delegacia Metropolitana de Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza. Outra vez, a PM teve que ser acionada. Patrulhas do Comando Tático Motorizado (Cotam) fizeram a transferência dos detentos para outra cela e uma varredura na delegacia.
“Temos ambientes com capacidade para oito, dez presos, abrigando 35 a 40. Temos que administrar esta situação, que é recorrente e compromete, de forma crucial, o trabalho das DPs”, afirma o delegado Harley Alencar, diretor do DPM.
FERNANDO RIBEIRO
EDITOR DE POLÍCIA