Luiz Leite, um exemplo de Juiz
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- 03-06-2009
03.06.2009 Opinião Pág.: 02
Um dos dramas que mais atormenta certos juízes é o do dia seguinte das suas aposentadorias, não com a questão de suas previdências, alias, quanto a esse aspecto, nada tem a reclamar a magistratura, mas com a solidão fora do poder, constatar, por exemplo, que os cumprimentos cordiais e convites para participação de festas elitistas que lhe eram dados eram apenas em decorrência de ser ocupante eventual do nobre cargo de julgador.
Um dado interessante. É notório, que os desembargadores e ministros aposentados, passam a ser desprezados, principalmente, pelos seus próprios colegas da ativa. Numa conversa, com um gentil desembargador aposentado, este me contou que era do seu costume, quando possível e legal, atender, sem hiatos, com presteza e atenção, aos reclamos dos seus colegas. Agora, aposentado, sente, quando eventualmente comparece a um gabinete de um colega visando obter , digamos, a aceleração de um determinado feito, é recebido com frieza, seria como se lhe fosse dado um recado, veladamente, nos termos adiante ?Está me cobrando por certa(s) atenção(ões) que recebi sua??
É bom que se diga que a solidão é uma velha companhia do juiz, não só dos ativos, como também dos inativos, na hora de julgar, este só conta mesmo com as normas jurídicas que norteiam o caso concreto, os fatos postos no caderno processual e a sua própria consciência, não há debate das contendas nos órgãos monocráticos.
De outra banda, convém ressaltar, que os humanos harmoniosos e tementes a Deus, assumem, de fato, na vida prática e funcional, a conduta de contribuinte da paz social e, mais, é intuitivo supor, que eles também reúnem mais aptidão para lidar com o poder, já que este deva ser assimilado como um desafio de bem servir a sociedade e a Deus.
Na verdade, é tarefa fácil achar que viu e, por isso mesmo, condenar as falhas dos outros. O homem que confia na sua própria justiça não reconhece a sua própria necessidade da graça de Deus. Durante o seu ministério na terra, Jesus batalhava contra a arrogância e auto-justiça de seitas como os fariseus (Mateus 23:27-28). A auto-justiça traz resultados horríveis e corrosivos. Quando a pessoa recusa a ajuda oferecida por Deus, não há outro remédio. Vai caminhando para a morte, incapaz de se livrar dos laços da iniquidade. Tal pessoa acha algum conforto em ver, imaginar, os pecados maiores dos outros, e não reconhece que o Deus justo rejeitará todos que praticam a injustiça.
Por uma questão de justiça, é oportuno destacar, a postura do juiz Luiz Alves Leite, aposentado, quando no seu exercício pleno da magistratura. Luiz dispensava, a todos os operadores do direito, respeito e atenção, não era dado receber influências dos prepotentes e poderosos, a ponto de desviar a aplicação da justiça nos casos concretos, não usava a toga para prejudicar os seus desafetos, emitia sentenças bem motivadas, portanto, é um cidadão com ideias e práticas republicanas, que engrandece, sim, a Justiça do nosso Estado.
Rildson Martins – Advogado