Cotidiano Pág.: 11 30.04.2009
A 1a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE) negou ontem habeas corpus para Wallace Cruz, 39, vulgo ?Lampião?, acusado de participar da quadrilha que sequestrou um estudante no interior de um colégio particular, na Avenida Dom Luís, no dia 25 de junho de 2008. Ele era o segurança do estudante.
A decisão foi tomada por unanimidade e teve como relator o desembargador Luiz Gerardo de Pontes Brígido, que afirmou complexidade na causa e de difícil apuração judicial por se tratar de 16 réus. Dois deles ainda estão foragidos e citados por edital e outro preso em São Paulo.
?Lampião? foi preso em junho do ano passado por determinação da juíza da 12ª Vara Criminal do Fórum Clóvis Beviláqua, Rosilene Ferreira Tabosa Facundo. Também foi preso, no Conjunto Nova Metrópole em Caucaia, o comerciante Antônio Carlos Castro dos Santos, 37.
Wallace foi apontado nas investigações como o principal facilitador do sequestro, pois se aproveitou da profissão de segurança para monitorar os horários do adolescente e enviando fitas de vídeo com a movimentação do jovem. Ele também foi responsável por ter invadido a escola e sequestrado o adolescente trajando uma bala clava (capuz) e portando metralhadora e revólver. Os bandidos que participaram do crime estavam com capuzes e metralhadoras.
O jovem, filho de um empresário da Capital, passou 13 dias em poder dos bandidos e foi submetido a intensa tortura psicológica. Ele foi liberado no KM 17 da BR 116, um dia depois do pagamento do resgate, de R$ 655 mil. Wallace teria recebido R$ 20 mil pelo crime. A defesa alegou excesso de prazo na formação de sua culpa e impetrou o habeas corpus ao Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE) e ainda o relaxamento da prisão, o que foi negado pelos julgadores e pelo relator do processo.
O acusado está preso por extorsão mediante sequestro e formação de quadrilha. Ele está detido no Instituto Penal Olavo Oliveira II, no município de Itaitinga, aguardando a conclusão da instrução processual.
» Quadrilha agiu de forma organizada. Antes de ser preso por participação na quadrilha, Wallace não tinha antecedentes criminais. Ele já havia trabalhado em uma empresa de segurança e realizava serviços de segurança particular. Na ocasião, a Polícia apurou que o crime foi pensado de dentro do presídio. O homem preso com Wallace foi quem o apresentou ao chefe do bando, o Genério. Antônio Carlos já era conhecido pela prática de sequestro, assim como Alexandre de Souza Ribeiro, o ?Alex Gardenal?, fugitivo do IPPS, que também participou do crime.
Outro participante do bando é Paulo Henrique Oliveira dos Santos, indicado por ?Alex Gardenal? para guardar o cativeiro. Ele foi preso na BR 116.
O homem apontado como o distribuidor das armas usadas no sequestro foi Francisco Ediverto Amaro Honório. Ele autorizou a entrega das armas de dentro do IPPS. Um soldado da Polícia Militar, Solonildo de Oliveira da Costa também participou da retirada do adolescente do colégio. Na época, o inquérito foi apurado pelo delegado Jaime de Paula Pessoa.