É visível que nos últimos anos o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) vem implantando várias ações e projetos para tornar cada vez mais o Judiciário acessível e inclusivo, tanto para o público externo quanto interno.

Exemplo disso foi a parceria firmada pelo Tribunal, por meio da Seção de Capacitação (Secap), com o Centro de Referência em Educação e Atendimento Especializado do Ceará (Creaece). A iniciativa possibilita oferecer turmas do Curso de Língua Brasileira de Sinais (Libras) para colaboradores(as) do Fórum Clóvis Beviláqua (FCB). O foco principal está em capacitar as pessoas para compreenderem as demandas do público externo e do próprio público interno.

Na quinta-feira (13/02), em consonância com esses objetivos, iniciou as aulas da segunda turma de Libras do Fórum Clóvis Beviláqua (FCB). A formação segue até dezembro de 2025, totalizando 200 horas-aula, e vai capacitar dezenas de pessoas de diferentes setores do Tribunal. De acordo com a chefe da Secap, Thais Maia, o curso “integra um conjunto de ações promovidas pela Diretoria do Fórum voltadas para a inclusão, como os projetos “Ler é Legal” e “Inclusão em foco”, além de palestras, eventos e outras iniciativas”.

“A gente iniciou a primeira turma no ano passado, em agosto, e foi um grande sucesso. Os alunos amaram e aí deram mais frutos, porque eles foram falando para outras pessoas, incentivando outras, e a gente viu a oportunidade de abrir a segunda turma, o que foi acolhido pela Creaece”, disse.

Segundo Thais, o público priorizado para receber a capacitação são as servidoras e os servidores que estão diretamente no atendimento da população ou que trabalham com pessoas com deficiência auditiva, como é o caso dos setores que possuem colaboradores(as) da Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos (Apada).

 

PARA ALÉM DO TRABALHO

 

Landolfo Xavier é uma dessas pessoas que se encaixam neste último caso. Ele atua como chefe da Seção de Arquivo, um dos setores do TJCE com mais colaboradores(as) surdos(as). Para ele, além da curiosidade de aprender uma nova língua, existe a necessidade de se comunicar com toda a equipe e o dever de garantir a inclusão.

“Na Seção de Arquivo a gente trabalha com um grupo de pessoas surdas, sendo essa parceria desde 1998. Como chefe, eu comecei a aprender, principalmente dactilologia, que é falar o alfabeto, faz-se aquela comunicação pausada, e aprendi como se fosse um Inglês Instrumental, o Libras Instrumental. Eles são muito intuitivos, pegam muito rápido a ideia. Mas a partir do momento que as coisas foram andando, eu vejo cada vez mais a necessidade de interagir, não só quanto a assunto de trabalho, mas conversas mesmo, particulares, privadas, conversas na hora do café”, comentou.

Para ele, essa pauta deve ser cada vez mais incentivada, sobretudo por Libras ser a segunda língua oficial do Brasil e pela necessidade de, enquanto sociedade, nos comunicarmos com todos e todas.

 

‘É MUITO GRATIFICANTE’

Também ainda nesta quinta, durante a manhã, foi iniciada a formação do segundo semestre da Turma 1 do Curso de Libras. A capacitação desse segundo grupo encerra em julho e conta com uma turma de cerca de 30 pessoas. Ivete Costa, bibliotecária que trabalha na Biblioteca Amélia Beviláqua, faz parte da primeira turma e comentou sobre a experiência e o engajamento.

“Está sendo um desafio, porque é bem diferente, a gente acha que é só sinais simples para se comunicar, mas tem todo um estudo, tem todo um trabalho em cima disso, que realmente faz a gente ter uma nova visão sobre a questão da Libras. Também está sendo muito gratificante, porque é uma oportunidade de a gente poder se comunicar. Eu tinha essa necessidade de me comunicar com os surdos porque a gente passava por eles e não conseguia falar. Hoje em dia eu já consigo dar um oi, dar um bom dia, um aprendizado maravilhoso”, disse entusiasmada.