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Histórias de amor e planejamento

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Repórter: Lara Veras

“É avassalador o amor que surge imediatamente. Até antes de a gente conhecer, na verdade”. Essas são as palavras da psicóloga e advogada Ludmilla de Morais Callado sobre ter recebido a notícia de que poderia conhecer a tão aguardada filha adotiva. Ela já tinha um filho biológico com cinco anos de idade, mas esperava uma segunda realização.

Ludmilla conta que desde a época em que namoravam, ela e o marido planejavam ter vários filhos e já idealizavam ter por via biológica e adotiva. Casaram e logo veio a gravidez, que precisou de muitos cuidados para que o filho viesse saudável. Quando o primogênito estava com um ano e meio, eles iniciaram a busca pelo segundo amor imensurável.

Os pais reuniram os documentos necessários, deram entrada no processo de habilitação e fizeram o curso, tudo nos moldes do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), como prevê a legislação. Em 2017, o casal foi habilitado formalmente e entrou para o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA).

“Quando ligaram do Fórum, a gente já queria ir correndo buscá-la. Porque era a NOSSA FILHA que estava lá, no acolhimento. Daquele momento em diante, já era nossa filha para sempre”, se declara a mãe.

A família foi acionada pela 3ª Vara da Infância e Juventude de Fortaleza, responsável pelos casos de adoção na Capital. Desde o início, o casal foi orientado a buscar um grupo de apoio à adoção, o Acalanto Fortaleza, para entender mais sobre o processo. Atualmente, Ludmilla é voluntária e vice-presidente da organização.

“O nosso perfil era bem aberto: uma criança com até dois anos, que podia ter irmão e de qualquer etnia. Faltando um dia para fazer três anos que estávamos no cadastro aguardando, recebemos a ligação do Fórum e a técnica do cadastro disse que estávamos sendo vinculados a uma menininha de quatro meses e poderíamos agendar a data de conhecer no acolhimento. Foi em 16 de março de 2020”, relembra.

No dia seguinte, Fortaleza entrou em lockdown por conta da pandemia de Covid-19 e, com isso, quando a família obteve autorização judicial para ir até o abrigo conhecer a bebê, por questões de segurança sanitária, foi possível levá-la para casa.

Durante o tempo de espera, o irmãozinho mais velho já sabia que ganharia um irmão ou uma irmã. Então, não foi surpresa a chegada de uma bebê, e sim uma alegria para o pequeno. E Ludmilla conta que como a filha é mais nova que o filho, e os pais já não eram “de primeira viagem”, não foi difícil cuidar da bebê recém-chegada.

“Ela se sentou na época certa, andou até mais rápido do que as outras crianças da mesma faixa etária e foi, desde sempre, super amada por toda a família, pois todos já sabiam do nosso plano de adoção. As pessoas próximas, os parentes, os amigos, todo mundo já torcia muito”, relata Ludmilla, na plenitude de um maternar repleto de amor, cuidados e realizações.

Da chegada da filha até os dias atuais, tudo transcorre na mais absoluta normalidade: uma família unida e que se ama muito. Cada criança faz atividades extracurriculares apropriadas para as diferentes faixas etárias. Quatro anos depois de aumentar a família, Ludmilla dá um conselho realista e estimulante.

“Penso que o processo de adoção tem que ter a sua burocracia realmente por que isso faz com que se consolide o pensamento de adotar. Que seja uma decisão responsável, bem planejada. Então, todo esse tempo de espera também serve pra ter certeza absoluta do que você quer, porque a adoção é pra sempre, é ter um filho, ter uma pessoa que vai depender de você por um tempo, mas que pra sempre vai ser seu filho”, reforça.

FILHO GERADO NO CORAÇÃO
Casados há 11 anos, Maria Irenice Silva e o Giogenio fizeram diversos tratamentos para ter filhos biológicos. Após sete perdas e muito sofrimento, “meu esposo me falou na adoção”, afirma. Foi quando o casal decidiu procurar o Poder Judiciário. “Fomos no Fórum, procuramos saber e começamos nossa luta até receber a ligação com uma foto do nosso filho. Foi amor à primeira vista”, ressalta a mãe.

O bebê tinha cinco meses quando os pais o conheceram e, no mês seguinte, o pequeno Rafael foi para casa. “A adaptação foi a melhor possível. Ele se adaptou com tudo e com todos! Não estranhou em nada, nem com a própria mamadeira que era nova! Hoje o Rafael é a nossa vida”, celebra.

Mas o desejo de aumentar a família continuou e o casal voltou para a fila, buscando uma menininha. Estão na suave espera de dias ainda mais felizes. “Não estamos tão ansiosos porque o Rafael completa esse sentimento. Mas, claro, cada mensagem diferente que recebo, penso logo que é nossa menina. Posso dizer que estamos muito, muito felizes com nosso príncipe. Ele é muito inteligente, esperto, alegre e já está estudando”, diz orgulhosa, repetindo que é “a mãe mais feliz do mundo”.

O QUE DEVO FAZER PARA ADOTAR?
Quem deseja adotar uma criança institucionalizada deve primeiro realizar o procedimento de habilitação. Caso resida em Fortaleza, os documentos para iniciar o processo podem ser encontrados AQUI. Residentes de outras Cidades do Estado do Ceará devem buscar o contato da Vara responsável, disponível AQUI. Para entender melhor o passo a passo dos trâmites para adoção, clique AQUI.

Conforme o artigo 50 do ECA, existem apenas três hipóteses de adoção em que não será necessária a habilitação prévia, são elas: adoção unilateral, pelo padrasto ou madrasta, do filho do cônjuge ou companheiro; adoção por parente com vínculos; e adoção do guardião legal da criança maior de três anos. Fora essas opções, todos devem realizar o procedimento de habilitação para adoção via SNA.

Segundo a Seção de Cadastro de Adotantes e Adotandos, atualmente há, em Fortaleza, 393 pretendentes habilitados, 224 crianças e adolescentes acolhidos, 31 crianças e adolescentes disponíveis para adoção e cerca de 20 em manutenção de vínculos com pretendentes habilitados. A Seção de Cadastro registro, em 2023, 48 adoções. Este ano, até o momento, foram concluídas 13 adoções.

DIA NACIONAL DA ADOÇÃO
Neste sábado (25/05) é comemorado o Dia Nacional da Adoção. A data foi oficializada a partir do decreto de lei nº 10.447/2002 e tem o objetivo de estimular debates sobre a importância da adoção legal e respeitosa, além de conscientizar a população brasileira sobre os processos de adoção no país.

Na Justiça cearense, a Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional (Cejai) desenvolve uma série de ações com foco em esclarecer dúvidas sobre o processo e estimular o ato que, para muitas crianças e adolescentes, significa uma nova oportunidade de ter uma família.