Eu faço parte dessa história: exposição traz depoimentos de quem trabalha no Judiciário cearense
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- 30-01-2024
As recordações de quem trabalha no Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) são muitas e algumas delas integram a exposição “Eu faço parte dessa história”. A mostra, com fotos e vídeos de pessoas que fazem o dia a dia do Poder Judiciário estadual, pode ser conferida a partir desta terça-feira (30/01), na Escola Superior da Magistratura do Ceará (Esmec), e marca a programação dos 150 anos do TJCE.
Algumas lembranças são compartilhadas por quem está há mais tempo, como a técnica judiciária Mônica Sales, que iniciou carreira em 1983 fazendo um serviço que já nem existe. “Quando eu cheguei no Tribunal, comecei a trabalhar como taquígrafa, participando das sessões, e eram 12 desembargadores no dia do Tribunal Pleno. Hoje nós temos um número de 53 desembargadores. É uma evolução, é uma mudança muito grande, mas muito boa para todos, principalmente para a nossa população”, destaca a servidora, que atualmente trabalha na Ouvidoria do Poder Judiciário.
Quem também acompanhou de perto o crescimento da força de trabalho foi o desembargador Fernando Ximenes, decano do TJCE. “Entrei em 1994, quando o Tribunal aumentou o número de seus componentes, que à época eram 15, e passou para 21. Surgiu uma vaga do Quinto Constitucional, de advogados, e eu concorri a essa vaga. Foi a primeira vez que houve uma lista formada pela OAB. Porque, até então, não havia isso. Mas, depois da Constituição, foi estipulado que a Ordem participaria desse processo, fazendo uma lista sêxtupla, e então o Tribunal transforma em tríplice e envia para o governador escolher.”
O decano viu o número de componentes do Pleno aumentar para 23, 27 e 43 até chegar à composição atual, de 53 desembargadores. O crescimento dos integrantes do 2º Grau da Justiça estadual se deve ao aumento das demandas que chegam ao Judiciário. Isso ainda refletiu na convocação de mais servidores e juízes. Somente na atual Gestão, iniciada em fevereiro do ano passado, foram nomeados 50 técnicos judiciários, 77 analistas judiciários e 21 oficiais de Justiça, além de 14 magistrados. Outros 67 servidores foram convocados no último dia 17 de janeiro.
AVANÇOS TECNOLÓGICOS
Paralelo ao incremento do número de colaboradores, veio a evolução tecnológica, que possibilitou a virtualização dos processos. “Sou da geração que participou da revolução digital, e o Tribunal acompanhou. Nós vimos a diferença da rapidez, da facilidade, e eu acho que nós estamos aqui para isso, enquanto servidores, magistrados, magistradas, também para acolher essas mudanças, sempre para melhorar a prestação jurisdicional”, afirma a juíza Sirley Pacheco, gestora do Processo Judicial Eletrônico (PJe) e supervisora da Secretaria Judiciária de 1º Grau, que concentra os expedientes administrativos e possibilita que os gabinetes dos juízes foquem na atividade-fim de julgar processos.
No Interior, a analista judiciária Eleni Salvador, que trabalhou por vinte anos em Quixelô e agora está na 2ª Vara Cível de Iguatu, viu o quanto a transformação digital tem possibilitado o aprimoramento dos trabalhos. “Tenho acompanhado o desenvolvimento de ferramentas que auxiliam no trabalho dos servidores e, consequentemente, melhoraram a produtividade do Tribunal e o retorno que a gente dá ao público. Porque eu acho que essa é a grande finalidade, atender a população com empatia.” Apesar de não trabalhar com processos, o garçom Francisco Fernandes acompanhou a evolução tecnológica. “Eu servia nos gabinetes dos desembargadores e eu via muitas estantes, umas pilhas de processos, eram muitos. E hoje ninguém vê mais, é tudo digital.”
ACESSIBILIDADE
O Judiciário cearense também tem se destacado quando o assunto é inclusão de pessoas com deficiência. Uma das iniciativas é a parceria com a Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos (Apada), que existe há 25 anos. “Foi a partir do Tribunal que eu comecei a ter um trabalho, uma experiência profissional”, ressalta Rogéria Pinheiro, colaboradora surda que tem acompanhado a evolução do TJCE nessa área. “Melhorou muito, porque no passado não tinha tantos intérpretes, nas audiências, nos eventos, e hoje tem, né? Eu estava na internet e vi no Instagram os desembargadores, cada um com um sinal. Os surdos e os ouvintes precisam trabalhar juntos e foi muito bom conhecer o sinal de cada um”, acrescenta.
A intérprete Nara Gadelha trabalha com Rogéria e outras pessoas surdas para garantir a interação com os demais colaboradores do TJCE, que são ouvintes. “Entrei em 2014 aqui no Tribunal e ver essa evolução da inclusão, de ter muitos intérpretes, e também o progresso de alguns surdos, como a Rogéria, nos dá uma certa satisfação”, afirma.
PERTENCIMENTO
As pessoas ouvidas e fotografadas para a exposição “Eu faço parte” compartilham o mesmo sentimento: orgulho pelo trabalho que desempenham. Fábio Frota é designer e há 15 anos prepara os ambientes para a realização de grandes eventos do Tribunal. “Posses de desembargadores não sei mais nem quantas eu fiz. Posses de Presidência também, sempre participo, e me sinto apaixonado. São anos de dedicação. Gosto de trabalhar para as pessoas que estão próximas a mim. Acho que a recompensa maior é essa”.
Sávio Gadelha, que integra a equipe da Assistência Militar do TJCE, é um dos policiais responsáveis por garantir a segurança de quem trabalha ou visita os prédios do Poder Judiciário. Lotado em Fortaleza, ele recebe cada um com um sorriso no rosto. “Apesar desse bom dia, dessa satisfação, a gente tem que estar atento a tudo e a todos, né? Porque a porta de entrada sou eu que estou ali. Já são onze anos de Poder Judiciário e pra mim é honra trabalhar aqui”.
A exposição “Eu faço parte dessa história” será itinerante. Após o período na Esmec, poderá ser visitada no Fórum Clóvis Beviláqua de 5 a 29 de fevereiro. O público ainda pode conferir os vídeos da exposição no Canal do TJCE, no Youtube.
Ficha Técnica Campanha “Eu faço parte”
Concepção da campanha: Carolina do Vale, Rodrigo França, Ilo Santiago Jr.
Fotografia: Alex Costa e JP Oliveira
Criação de marca e direção de arte: Rannjon Mikael
Redação dos totens: Rodrigo França e Karine Holanda
Produção das entrevistas: Delane Ratts e Pâmmela Lêmos
Roteiro e direção de vídeo: Delane Ratts e Pâmmela Lêmos
Edição e filmagem: Cristiano Freitas e William Brito (MT Vídeos)
Apoio audiovisual: Ronald Moura e Charles Ciriaco (MT Vídeos)
Apoio em contratação gráfica: Rômulo Cidrão, Michma Mota e Rodrigo França
Apoio em transporte: Neurivaldo Andrade
Apoio geral: Carolina de Palhano, Farley Vasconcelos, Gil Carneiro, Herbert Américo
Produção gráfica: Júlio Aquino
Veiculação em redes sociais: Crisley Cavalcante
Supervisão: Francisco Rosa
Coordenação-geral: Ilo Santiago Jr.