Antes vista como atividade essencialmente presencial, as audiências de conciliação se adequam aos novos tempos e ocorrem em sessões virtuais. Veja na Série “Nosso Trabalho em Casa”

O desafio de permanecer fazendo as audiências de conciliação sem os encontros presenciais entre os interessados motivou a equipe do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) de Fortaleza a repensar os procedimentos e as rotinas de trabalho. Sob coordenação da juíza Ana Kayrena Freitas e supervisão da servidora Vanessa Plutarco, 19 profissionais atuam para que as sessões sejam mantidas.

Diariamente, as gestoras alinham as atividades e repassam as demandas de cada colaborador. Desde o início da pandemia da Covid-19, a formulação do modelo virtual de audiências foi feita com diálogo e reuniões. Houve avaliação das dificuldades e vantagens de como seria o trabalho sem o contato presencial com as partes nos processos.

“Estamos atendendo de forma satisfatória. O Núcleo Pré-Processual analisa e movimenta as demandas, tanto as que estavam aguardando seguimento, quanto as que estão entrando em nosso fluxo. Estas são originárias, principalmente, da Defensoria Pública, que também está fazendo audiências pelo modo virtual e cujos acordos já têm sido homologados nesse formato”, explica a juíza Ana Kayrena.

Ainda segundo a magistrada, fica a cargo do Núcleo Processual fazer a leitura diária dos e-mails com pedidos das partes e advogados para sessões virtuais, conforme portaria alinhada com a Diretoria do Fórum Clóvis Beviláqua. Os servidores recebem o pedido, entram em contato com as partes para obter o consentimento e agendam a conciliação pela plataforma “Cisco Webex”. Depois de realizada a reunião virtual, é lavrado o termo da audiência e juntado ao processo. “De acordo com as solicitações encaminhadas, agendamos uma pauta de audiências virtuais para o mês de maio”, afirma.

As sessões envolvem casos relativos a demandas consideradas urgentes, preferencialmente da área de Família. É necessária a solicitação prévia de um dos interessados ou do advogado, por meio do endereço eletrônico cejuscfcb@tjce.jus.br ou do WhatsApp institucional (85) 3492-8032. É preciso também indicar o número do processo e dos telefones de todas as pessoas.

COMUNICAÇÃO E FLUIDEZ
Para a supervisora Vanessa Plutarco, a comunicação clara e objetiva é fundamental. “Os colaboradores sempre me acionam diante das dúvidas e há fluidez no trabalho”, ressalta. Ela lembra a importância de manter o setor funcionando e reforça os aprendizados que este momento permite. “O Cejusc tem papel importante de pacificação social e solução de conflitos com menor desgaste para os envolvidos. É um desafio não termos contato presencial, mas estamos aprendendo o novo formato e trocando ideias com a equipe, sempre unida e alinhada. Assistir a ‘lives’ de profissionais da área de conciliação também nos ajuda.”

Trabalhar de casa e conciliar a rotina com atividades domésticas não é simples. Muitos servidores precisam dar atenção aos familiares e a situação pela qual o mundo passa pode trazer dificuldades. “Surgem angústias e medos pessoais. É um período delicado para todos, mas deixamos uma rotina estabelecida. A organização é fundamental. E também a integração. Damos bom dia no grupo de WhatsApp logo pela manhã e parabéns aos aniversariantes. Esse vínculo social é importante”, analisa Vanessa.

ADAPTAÇÃO
O técnico judiciário Roger Aguiar, conciliador regulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), relata que a apreensão inicial quanto às atividades do Cejusc sem as audiências presenciais foi diminuindo com o desenvolvimento do formato virtual. “Nosso trabalho era, basicamente, lidar com as pessoas presencialmente. Ficamos preocupados no início, mas conversamos bastante e concluímos que poderíamos fazer as audiências virtualmente. Acredito que o trabalho que surgiu dessa necessidade será tendência, mesmo quando voltarmos à normalidade. Penso que será implementado como forma alternativa para as partes do processo. Estamos felizes e focados em fazer da melhor forma possível.”

Para o analista judiciário Artur Vieira, a adaptação ao TeleTrabalho não foi complicada. “Estão sendo feitas audiências virtuais e está tudo andando dentro desse novo normal. Também estamos sempre tendo reuniões virtuais com nossa chefia. As atividades nesse novo formato, que se deu de forma repentina em razão da pandemia, também nos levaram a uma adaptação quanto à organização em casa. O momento atual nos mostra que somos capazes de superar as adversidades e cumprir com nossas obrigações.”

A estagiária Patricia Moreira afirma que a adversidade trouxe novidades para facilitar a troca de informações, como a utilização de ferramenta de compartilhamento de documentos, por exemplo, agilizando o trabalho remoto. “O TeleTrabalho está sendo mais produtivo, pois trouxe mais praticidade. É uma experiência única e incrivelmente proveitosa, além de ser aprendizado prático. Certamente, valerá a pena todo o nosso esforço.”

Para ler todas as reportagens das Série “Nosso Trabalho em Casa”, clique aqui.