Dia Internacional da Mulher é comemorado com palestras e debates sobre equidade de gênero e inclusão no Judiciário
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- 08-03-2024
Um dia especial de palestras, nesta sexta-feira (08/03), ampliou o debate sobre temas importantes como equidade de gênero e inclusão. A iniciativa, do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), celebrou o Dia Internacional da Mulher. O evento, coordenado pelo Programa de Fortalecimento de Lideranças Femininas do Judiciário estadual, ocorreu na Escola Superior da Magistratura do Ceará (Esmec).
A abertura foi conduzida pelo presidente do Tribunal, desembargador Abelardo Benevides Moraes. Para o magistrado, as temáticas abordadas “devem ser tratadas durante o ano inteiro, para fortalecer a cultura da equidade e da inclusão. O Dia Internacional da Mulher é também uma oportunidade para celebrar os avanços conquistados ao longo dos anos, quesito em que o TJCE é destaque. Atualmente, entre os 53 desembargadores, 20 são mulheres. O dia de hoje vai além da festa e da homenagem, é também uma oportunidade de renovar nossos compromissos e esforços para alcançar a igualdade real”, destacou.
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Na Justiça de 1º Grau, há a atuação de 149 juízas. A mulheres também representam 45,32% dos servidores do Judiciário estadual e, entre os estagiários, são 63,20%.
Para o diretor da Esmec, desembargador Francisco Luciano Lima Rodrigues, apesar dos avanços, ainda existem desafios consideráveis que exigem atenção e ação imediata. “A luta pela igualdade de gênero é uma luta pela Justiça, pela dignidade e pelo bem-estar de todos os seres humanos”, afirmou.
INICIATIVAS
As iniciativas do TJCE para atender e beneficiar o público feminino foram apresentadas no evento. A ouvidora-geral do Poder Judiciário estadual, desembargadora Joriza Magalhães Pinheiro, falou sobre a importância da unidade como um canal a ser utilizado tanto pelo público externo, quanto pelos servidores e magistrados.
“A Ouvidoria atua como instrumento de gestão pública participativa e democrática, para dar transparência à nossa instituição e, em especial, promover o aprimoramento das atividades administrativas e jurisdicionais”, explicou. Em 2022, o Tribunal instalou a Ouvidoria da Mulher para receber as manifestações do público feminino, que abrangem denúncias, agradecimentos e outros assuntos ligados à defesa dos direitos da mulher.
A juíza Giselli Lima de Sousa Tavares, responsável pelo canal no Fórum Clóvis Beviláqua (FCB), ressaltou a importância do espaço, argumentando que a participação feminina “é essencial para mulheres que abriram o caminho, e, em nome das nossas filhas, para quem nós vamos abrir caminho no futuro”.
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Outra inciativa apresentada foi o Projeto de Fortalecimento do Enfrentamento à Violência Doméstica do Programa de Modernização do Poder Judiciário (Promojud). A diretora da Unidade de Gerenciamento do Programa, Roberta Jucá, apresentou os benefícios voltados às mulheres que estão sendo desenvolvidos. “Essas transformações, ações e projetos são empolgantes e vão fazer grande diferença para os colaboradores do Tribunal e para o público. Os protagonistas da transformação são as pessoas”, afirmou.
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PALESTRAS
Ainda pela manhã, o tema “Criatividade Feminina: Superando Obstáculos e Promovendo a Inclusão” foi apresentado pela jornalista e escritora Jules de Faria. A palestra evidenciou as dificuldades enfrentadas diariamente pelas mulheres para a realização de seus sonhos. “As mulheres são as grandes criadoras da vida. Mas, normalmente, são os homens que são citados mesmo em ambientes em que a dominância é feminina”, disse.
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Na ocasião, também foram discutidos temas como o fardo do cuidado, saúde mental, a importância do ócio criativo e a armadilha do perfeccionismo. “Eu sempre usei a comunicação como uma ferramenta de transformação. Nenhuma ação nasce sem uma ideia e sem um sonho. Precisamos falar sobre o que estamos sonhando, para que isso se torne uma missão coletiva. Só conhecendo os sonhos umas das outras é que poderemos protegê-los”, declarou a jornalista.
No período da tarde, a professora e pesquisadora Vanessa Oliveira Batista Berner, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, conduziu a palestra “Sem mulheres não há democracia”, com mediação da professora Roberta Laena e participação da juíza Solange Menezes Holanda, diretora do Fórum Clóvis Beviláqua (FCB).
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Doutora em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais, com estágio na Universidad Complutense de Madrid, Vanessa Berner convocou todas as mulheres a se unirem em nome da igualdade e da democracia. “É uma conversa que não acontece em um dia qualquer, é no Dia Internacional da Mulher, um dia de luta. Não é para ganhar flores ou bombons, é para a gente afirmar, mais uma vez, a nossa luta pelos direitos das mulheres. Me sinto honrada e feliz por poder trocar algumas ideias sobre o feminismo e a resistência política das mulheres, em uma instituição de ensino de um dos Poderes do Estado”.
LANÇAMENTO DE LIVRO
A programação na Esmec terminou com o lançamento do livro “Mulheres, dominação e política – a cota eleitoral de gênero nas eleições municipais do Brasil”, de autoria da juíza Deborah Cavalcante de Oliveira Salomão Guarines, titular do Juizado da Mulher de Caucaia.
O professor David Barbosa de Oliveira, orientador da magistrada quando o livro ainda estava no âmbito da pesquisa acadêmica de mestrado, fez a apresentação. “Este tema é urgente e é um debate imprescindível na cobertura política e social brasileira. Ao falar do trabalho da mestra Deborah, temos que trazer alguns eventos importantes para este debate. Primeiro, a participação feminina como resultado das lutas empreendidas há alguns anos nos mais distintos casos sociais; segundo, a pesquisa acadêmica realizada no Brasil e o espaço ocupado pelas mulheres; por fim, a necessidade que o Judiciário tem aos problemas contemporâneos que qualificam seus servidores para o enfrentamento das questões apresentando respostas efetivas e justas”, introduziu David, doutor em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco.
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A juíza Deborah Salomão Guarines explicou que “a dissertação virar livro foi uma sugestão da banca, no dia da defesa. Desde aquele dia até a publicação, hoje, no Dia Internacional da Mulher, é motivo para agradecer a todos. Por que eu pesquisei a participação feminina na política? Porque percebi, na minha experiência com mulheres no poder, que os resultados são muito positivos. Dados mostram que, quando as mulheres estão no poder, há 35% menos casos de corrupção; 32% menos déficit de gênero na educação entre adolescentes; 25% menos déficit de gênero na educação entre adultos; 24% menos mortalidade infantil; 7% mais investimentos em educação e saúde; além do aumento do percentual de adolescentes mulheres que se alistam para votar”.
Mestre em Planejamento e Políticas Públicas pela Universidade Estadual do Ceará, a juíza atua como formadora da Escola Superior da Magistratura do Ceará. Também é coordenadora do Núcleo Judicial da Justiça Restaurativa do Poder Judiciário estadual.
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