Na quarta matéria da série de reportagens em homenagem ao Dia das Mães, você vai conhecer a história de Sandra Maria da Silva Gomes. Ela passou mais de três anos longe dos filhos quando foi presa por tráfico de drogas. Hoje quer dar bons exemplos e amor aos herdeiros.
O tempo passa rápido quando se tem uma rotina agitada de trabalho, casa para cuidar, filhos para criar… Três anos e sete meses voam! Mas, para quem está atrás das grades, longe da família, sem uma ocupação e sem lazer, os dias se arrastam, os segundos não têm fim.
Foi o que aconteceu com Sandra Maria da Silva Gomes. Até 2015, ela estava presa no Instituto Penal Feminino Desembargadora Auri Moura Costa. Atualmente, aos 39 anos, cumpre pena em regime semiaberto e comemora cada instante perto dos filhos. São dois rapazes, de 20 e 17 anos, e duas garotas, uma de 13 e a mais nova de sete anos.
Apesar de agora sempre ter os quatro ao lado, não esquece um só dia do filho mais velho, assassinado aos 22 anos, quando ela ainda se encontrava presa. “Foi muito difícil porque eu já estava distante dele há bastante tempo. Não tive condições nem de vê-lo”, relata.
Dentro do presídio, só recebia visitas dos irmãos. Depois de um ano, pediu para ver a filha caçula. “Eu não queria que meus filhos me vissem lá dentro. O problema é que tinha medo de sair e não ser mais reconhecida pela pequena. Ainda bem que o pai era presente. Mesmo assim pedi para ficarem levando ela lá. Já a situação dos outros era delicada, porque eles não têm pai e me afastei quando eram adolescentes e precisavam de mim”, lamenta.
Sandra foi presa por tráfico de drogas. Conta que se envolveu no crime na tentativa de dar uma qualidade de vida melhor aos filhos. O salário que ganhava como doméstica não era suficiente para sustentar a família. No entanto, se arrepende diariamente por ter cometido um crime.
SONHO REALIZADO
Quando progrediu de regime, estava determinada a mudar e teve a oportunidade de ingressar no projeto “Fábrica Escola: Teoria e Prática para a Vida”. A iniciativa, fruto de parceria entre Poder Judiciário, por meio das Varas de Execução Penal, e outras instituições públicas e privadas, está há três anos ressocializando apenados e egressos do sistema prisional. São mais de 160 pessoas beneficiadas com acompanhamento psicossocial, trabalho, bolsa-salário, três refeições diárias, vale transporte e cesta básica.
O suporte permitiu que Sandra começasse a realizar sonhos. O primeiro foi casar. Ela está entre as beneficiadas com o casamento coletivo promovido pelo projeto no início do mês de abril. O marido acolheu os filhos dela e hoje formam uma grande família.
“Quero que eles conheçam minha história, saibam o que eu passei, que foi muito ruim. Não quero que eles se envolvam nunca com o crime. Desejo que tenham uma vida diferente da minha. Quando terminar meu tempo na Fábrica Escola, quero ter uma confecção em casa e vou ser exemplo para cada um dos meus filhos”, projeta para o futuro.