Delegado diz que empresário foi o autor do disparo
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- 25-11-2010
25.11.2010 Fortaleza
O flanelinha José Valderlan perdeu a visão no olho atingido (RAFAEL CAVALCANTE) Foi enviado ontem ao Ministério Público o inquérito sobre o caso envolvendo o morador de rua baleado com um tiro de chumbinho, no último dia 15. O delegado Francisco Porto, titular do 2º Distrito Policial (DP), no Meireles, concluiu que o autor do disparo foi o empresário Marcus Venícius Araújo Silveira, 26. Além dele, foram indiciados Francisco Leandro Silva Lima, primo do acusado; e Victor Hugo Araújo, que estaria junto com eles no momento do crime.
Todos os acusados foram indiciados por lesão corporal de natureza grave. Caso sejam condenados, a pena é de dois a oito anos de reclusão. Ontem, Marcus Venícius e seu primo foram transferidos para a Delegacia de Capturas, no Centro. Eles estavam há nove dias detidos no 2º DP. O outro acusado está solto, mas o delegado pediu sua prisão preventiva.
Os acusados foram presos por policiais do Ronda do Quarteirão na noite do crime. O morador de rua José Valderlan Marques da Silva, 36, reconheceu o empresário como o autor do tiro. Mas, na delegacia, o primo assumiu a autoria. Para tentar esclarecer o caso, o delegado chegou a agendar uma acareação entre vítima e acusados. Mas, após receber alta do hospital, o morador de rua sumiu.
Mesmo sem a acareação, o titular do 2º DP concluiu que o tiro foi dado por Marcos Venícius. Isso porque, numa conversa informal com o delegado, o primo teria desmentido a versão de que seria ele o autor do crime. ?Ele contou uma história totalmente mentirosa, coisas que não têm o menor sentido?, comenta Porto.
O empresário teria atirado em José Valderlan de dentro do carro, na rua Dragão do Mar, na Praia de Iracema. Segundo as investigações, era o primo quem dirigia o veículo. O projétil de chumbo atingiu o olho direito do morador de rua, que perdeu a visão. O disparo foi efetuado de uma espingarda. Consta nos autos que os acusados riram da situação e se afastaram do local.
Além de José Valderlan, outros quatro moradores de rua também teriam sido atingidos por tiros de chumbinho. ?Um deles já reconheceu o empresário como autor do disparo?, conta o delegado. O titular do 2º DP abriu um outro inquérito para apurar esses casos que apareceram durante as investigações. ?A espingarda é zerada, foi comprada agora em novembro. O que a gente nota é que ele (Marcos Venícius) fazia essas coisas por divertimento, não tinha um motivo. Só a psiquiatria explica.?
O POVO entrou em contato com o advogado do empresário Marcos Venícius, mas ele se recusou a falar com a reportagem. Na semana passada, a defesa entrou com um pedido de liberdade provisória para o acusado. A juíza Rosilene Ferreira Tabosa Facundo, da 4ª Vara Criminal do Fórum Clóvis Beviláqua, negou o pedido e considerou importante manter a prisão preventiva.
No dia em que José Valderlan recebeu alta do Instituto José Frota, a Polícia descobriu que ele é foragido da Justiça por um homicídio cometido em 2006, no Passaré. Nunca mais o morador de rua foi visto.
E agora
ENTENDA A NOTÍCIA
O Ministério Público tem cinco dias para analisar o inquérito. Se os acusados forem denunciados pelo órgão, passam a responder oficialmente na Justiça. O promotor também pode pedir novas diligências ou arquivar o processo por falta de provas.
Tiago Braga
tiagobraga@opovo.com.br