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Crianças e adolescentes de Tianguá são beneficiados com verbas de prestações pecuniárias destinadas pelo TJCE

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Crianças e adolescentes de Tianguá participantes de projetos sociais relacionados a músicas e esportes foram beneficiados nos últimos meses com R$ 200 mil oriundos de prestações pecuniárias. Agora em fevereiro, somente a Sociedade Musical Tianguaense (Somut), uma instituição que assiste crianças e jovens das áreas de risco da cidade através do ensino da música, recebeu R$ 100 mil.

“Essas crianças que ingressam na instituição trazem marcas da fome, do desequilíbrio psicológico e muitas vezes adoentadas de ansiedade e depressão. Lá, encontram a oportunidade de mudarem de vida e serem incluídas numa sociedade mais justa”, afirma a coordenadora da instituição, Iolanda Maria.

Com o valor recebido, eles darão início a construção do auditório, na sede da instituição que está sendo erguida agora, depois de quase 40 anos de existência. “Com esse recurso, a gente já garante o auditório, que é onde a orquestra grande ensaia todos os seus repertórios, porque o espaço que nós temos lá ainda é só um quarto, muito pequeno. O projeto é um sonho, mas o importante é que a sede já é nossa, e agora é darmos andamento a essa etapa da construção, que com esse recurso nós vamos conseguir”, ressalta Iolanda.

Segundo a coordenadora, as crianças chegam na Somut muitas vezes leigas em relação à música. “E elas entram, claro, objetivando, sonhando em participarem da orquestra, que é o nosso ponto alto do projeto.”

Celiane é mãe de Pietro, que é aluno da instituição. O garoto é autista e teve uma melhora comportamental significativa após a participação nas aulas. “A gente mora numa área vulnerável e ele estava passando por uns períodos de muita tristeza, depressão, aí fomos aconselhados pelo psicólogo para que ele entrasse em alguma atividade que gostasse, foi quando encontrei a banda da Somut”, explica. Conforme a genitora, a música fez com que ele ficasse mais tranquilo.

 

Aulas de música contribuem para equilíbrio psicológico, inclusive de crianças autistas

 

Além de Pietro, Celiane também presta serviço voluntário na instituição, arrumando os cabelos das crianças nas apresentações e no que mais for necessário. “É muito gratificante a gente fazer serviço neste tipo de trabalho, é muito bom”, pontua.

 

PRÁTICA ESPORTIVA

 

Em dezembro, foi a vez da ONG Kurumins receber R$ 100 mil. A instituição, que funciona desde 2015, já conta com mais de 300 crianças cadastradas. “Percebendo o risco que a ociosidade dos jovens da comunidade influenciava a realização de práticas ruins, vícios, além de condutas criminosas, decidimos criar um projeto que abarcasse essas crianças e adolescentes”, informa Cláudio Teles, idealizador do projeto.

“Começamos reunindo as crianças da comunidade distribuindo lanches, praticando esportes e contando histórias. Todos os profissionais que contribuem com o projeto são voluntários. Temos dois fisioterapeutas, dois psicólogos, dois educadores físicos, duas pedagogas, dois auxiliares de equitação e outros voluntários”, cita.

Atualmente, a ONG oferece atividades sociais, culturais, esportivas, terapêuticas e educação. Também trabalha com equoterapia (terapia com cavalos), com uma equipe multidisciplinar composta por psicólogos, fisioterapeutas, pedagogos, auxiliares, equitador e tratador. Realiza ainda a hidroterapia e hidroginástica com idosos da comunidade.

 

Destinação de 100 mil à ONG possibilitou a extensão do projeto Kurumins para Tianguá 

 

Com a ajuda financeira, foi possível a inauguração da extensão da Kurumins no município de Tianguá, agora em fevereiro. A sede fica em Acarape, a 10 km da cidade. “Nesse espaço serão realizados trabalhos artísticos, culturais, musicais e também de bombeiro mirim”, disse Cláudio.

 

PENAS PECUNIÁRIAS

 

Prestações pecuniárias são quantias determinadas por juízas e juízes para serem pagos como compensação à sociedade por delitos de menor potencial ofensivo, em substituição à privação de liberdade. Tais penas estão relacionadas com casos que não envolvem violência ou graves ameaças e cujas sentenças sejam inferiores a quatro anos de reclusão, sem a previsão de regime fechado.

“Considero uma relevante alternativa à privação da liberdade. Além de ser eficiente como punição (finalidade retributiva da pena), também é eficiente em beneficiar a sociedade, já que são revertidas em projetos sociais para população. Além disso, tais projetos atendem à finalidade preventiva geral da pena, pois seu principal enfoque são crianças carentes, dando-lhes oportunidade de educação, cultura e reinserção social”, explica o juiz Rafael Costa Vasconcelos Santos, titular da Vara Única Criminal de Tianguá, ao lembrar que a conta judicial do Tribunal recolhe penas pecuniárias tanto da Vara Criminal como do Juizado Especial Criminal.

Além desses valores, no ano passado foram destinados R$ 150 mil ao Programa Ceará Sem Fome e outros R$ 50 mil à conta da Defesa Civil do Estado do Rio Grande do Sul, à época das enchentes que atingiram o Estado.

O Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) e a Corregedoria-Geral da Justiça editaram o Provimento Conjunto nº 01/2024 para disciplinar as formas de recolhimento, destinação, controle e aplicação dos valores oriundos da prestação pecuniária no âmbito do Poder Judiciário estadual. A medida considera as peculiaridades locais e a efetiva fiscalização do emprego dos valores recebidos pelas instituições beneficiadas, em resguardo da publicidade e da transparência, conforme estabelece a Resolução nº 558/2024 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O credenciamento de conselhos de comunidade e de entidades públicas e privadas é regido pelo Edital nº 07/2023. Para mais informações e esclarecimentos, é possível entrar em contato com a Secretaria de Finanças do TJCE pelo e-mail sefin.documentacoes@tjce.jus.br, ou número (85) 3108-1557.

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