Consumo de drogas é debatido no Juizado da Mulher
- 957 Visualizações
- 26-05-2009
?Há bem pouco tempo, o craque era consumido somente pela classe menos favorecida, enquanto a cocaína era a droga dos mais favorecidos. Mas hoje o craque permeia em todas as classes. Portanto, é bom ficar de olho, vigilante?. A afirmação é de Francisca Cléa Florenço de Souza, professora do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Ela foi uma das palestrantes do Iº Encontro do Juizado da Mulher:Uma Proposta Reflexiva sobre Violência Contra a Mulher e Drogas, promovido, durante a manhã desta terça-feira (26/05), pelo Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher da Comarca de Fortaleza. O evento é um dos muitos que o Juizado da Mulher, que tem à frente a magistrada Fátima Maria Rosa Mendonça, pretende realizar até 26 de junho, Dia Internacional de Combate as Drogas.
Apesar de a cocaína e o craque serem, praticamente, as mesmas substâncias, esta última tem o efeito mais imediato e é devastadora ? garante a professora. Ao ser fumado, o craque atinge os pulmões e chega ao cérebro mais rapidamente e seu efeito também dura pouco, obrigando o usuário a consumir mais droga e a dependência se instala também da mesma forma ? diz Cléa Florenço.
Ela observa que para manter o vício, o usuário faz qualquer coisa para adquirir a droga, por exemplo, roubar, agredir, se prostituir e matar, sendo, desta forma, gerador de violência. Os sinais mais visíveis para identificar se está existindo o consumo de cocaína e de craque, são, segundo a professora: ?sumiço? de objetos da residência; mudanças de comportamento, novas amizades; não sociabilidade; perda de sono e de interesse por atividades antes praticadas; falta de apetite; emagrecimento, vermelhidão nos olhos e pupilas dilatadas.
A droga, de maneira geral, seja ela lícita, como o álcool, e ilícita, como a cocaína e o craque, traz grandes prejuízos e todos na família são atingidos, seja usuário ou não ? ressalta, acrescentando que o craque é a mais devastadora, pois seu usuário geralmente não chega a uma idade mais avançada.
TRATAMENTO
Sobre o tema ?Dependência Química e Alternativas de Tratamento? uma das palestrantes, Rane Félix, membro do Colegiado Administrativo de Saúde Mental, abordou o Trabalho Desenvolvido pelos Centros de Atenção Psicossocial/Álcool e Drogas (CAPS/AD), que têm por objetivo prestar assistência aos usuários, não somente para tratamento clínico do dependente, mas visando a ressocialização na comunidade.
O trabalho dos CAPS teve início em 2005, a partir de uma rede de atendimento de saúde mental para os usuários de drogas, o que, segundo ela, não existia anteriormente no âmbito municipal, pois o serviço era oferecido apenas pelos Alcoólicos Anônimos (A.A).Os CAPS são instâncias municipais que recebem incentivos do Ministério da Saúde e atualmente existem seis em Fortaleza, cada um contando com 15 profissionais.
Os resultados até então obtidos ? segundo ela ? são positivos, pois ?conseguimos envolver a família e promover a discussão com a sociedade, objetivando a reinserção social?. Por mês são atendidos, em média,500 pessoas em cada um dos seis CAPS de Fortaleza. Do total de 3 mil/mês, a grande maioria é por dependência de álcool. ?Neste segmento conseguimos reduzir as internações em hospitais psiquiátricos, onde o tratamento é fechado, ao contrário do que é feito nos CAPS, em 24? ? informa Rane Félix.
O diretor do escritório dos Alcoólicos Anônimos (A.A), Rogério B. (ele solicitou que fosse divulgada somente a letra inicial do seu sobrenome), afirma que o alcoolismo é uma doença familiar, pois não prejudica somente o alcoólatra, mas todas aqueles do seu ciclo de relacionamento, principalmente o afetivo, no caso, os familiares. E o tratamento ? garante ? tem de atingir a família, já que as consequências, os danos causados, aos entes queridos são muitos.
Justamente por isso, segundo ele, é que foi criado o Al-Anon (Alcoólicos Anônimos), a partir das esposas daqueles que estavam em tratamento no A.A., diante de uma nova realidade de vida que passou a existir com o não uso do álcool. Para concluir, ele observa que é necessário manter uma vigilância diária para se manter sóbrio e que é perfeitamente possível viver com alegria sem ter a necessidade de beber.
Integrantes do Proerd, programa desenvolvido pela Polícia Militar na questão da prevenção das drogas, atrravés de palestras, por exemplo, estiveram presentes ao evento, tendo à frente o coronel Austragésilo Rodrigues, coordenador do Proerd, além dos pastores Nelson e Tito e de toda equipe multidisciplinar do Juizado da Mulher.