O primeiro atendimento odontológico a mulheres vítimas de violência doméstica e familiar ocorreu nessa quinta-feira (21/02), no Centro Universitário Fametro (Unifametro). As pacientes, que estão sob medidas protetivas determinadas pela Justiça, são encaminhadas pelo Juizado da Mulher de Fortaleza. A iniciativa é fruto de convênio assinado pelo Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) com a referida instituição de ensino.
A primeira a usufruir o serviço foi a costureira Raquel (nome fictício), de 41 anos, mãe de três filhos. Há seis meses ela foi agredida pelo então companheiro e, desde então, está sob proteção judicial. Ao participar de uma audiência no Juizado, foi informada que tinha esse benefício.
“Faz tempo que eu precisava ir ao dentista para fazer algumas reparações, mas não tinha condições financeiras, principalmente após ter rompido com o relacionamento, já que dividíamos as contas da casa. Então, quando soube que poderia ajeitar meus dentes e voltar a ter um sorriso bonito, e ainda mais de forma gratuita, fiquei muito feliz. Recebi o encaminhamento da juíza e aqui estou.”
A estudante do 7º semestre de Odontologia, Jocélia Matias, que fez o atendimento da Raquel sob supervisão de professores especialistas, explicou que a costureira será submetida à cirurgia de dentes pré-molares. No primeiro encontro, após ser preenchido prontuário para identificar o que seria necessário e saber que já tem data para retorno, a paciente fez limpeza bucal, além de raio-X. “Eu achei muito legal essa iniciativa. A nossa faculdade tem toda estrutura para abraçar essa causa. Vale a pena outras instituições também investirem”, destacou a universitária.
Para a juíza Rosa Mendonça, titular do Juizado da Mulher de Fortaleza, “esse convênio permite a essas mulheres que passaram por situações difíceis serem tratadas dignamente, com tratamento dentário que certamente elevará a autoestima delas. E tudo de muita qualidade, porque a estrutura é excelente”.
O coordenador do curso de Odontologia da Unifametro, Paulo André Carvalho, também ressaltou a parceria. “Nós disponibilizamos um atendimento de ponta, com toda tecnologia e estrutura. Contudo, o mais importante é que elas se sintam acolhidas, integradas com os demais pacientes, sem qualquer menção ou diferenciação da situação delas. É interessante que saibam que, independentemente de serem vítimas de violência ou não, o atendimento é um direto delas. E o nosso papel é tentar inseri-las novamente na sociedade.”
Semanalmente serão realizados seis atendimentos gratuitos de mulheres encaminhadas pelo Juizado, sendo três no período da manhã e as demais no turno da tarde. Os estudantes que farão os atendimentos receberam capacitação no último dia 14 de fevereiro. Na ocasião, foram disponibilizadas apostilas sobre a Lei Maria da Penha e a atuação do cirurgião-dentista para consulta dos interessados.