O Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) promoveu, nesta segunda-feira (04/12), um treinamento para melhor acolher as pessoas com deficiência visual que necessitam dos serviços do Judiciário. A capacitação, voltada aos colaboradores da Central de Atendimento Judicial (CAJ), foi mais uma das entregas do projeto “Justiça de Olhos Abertos” e busca proporcionar uma experiência mais acessível e inclusiva para cidadãos cegos ou com baixa visão.

O coordenador de projetos da Sociedade de Assistência aos Cegos (SAC), professor Paulo Roberto, conduziu o treinamento, alertando os operadores de atendimento da CAJ para as demandas específicas dos deficientes visuais. Segundo o palestrante, a iniciativa do TJCE deve inspirar outras instituições públicas ou privadas a investirem em ações que possibilitem melhorias no atendimento às pessoas cegas.

“São cidadãos e merecem o tratamento adequado como qualquer outra pessoa. Ficamos muito felizes em perceber que o Tribunal está buscando sempre melhorar a acessibilidade”, afirmou Paulo.

A palestra contou com simulações de atendimentos e trocas de experiências entre os participantes. A abordagem prática e dinâmica visa não apenas informar, mas também sensibilizar os profissionais envolvidos.

“Foi um momento muito especial, de rica aprendizagem para todos da equipe, que agregou conhecimento significativo aos nossos protocolos de atendimento humanizado e com certeza iremos pôr em prática tudo o que aprendemos com o professor Paulo Roberto”, salientou a coordenadora da CAJ, Nathália Sampaio.

JUSTIÇA DE OLHOS ABERTOS 

O “Justiça de Olhos Abertos” teve início em 2022, quando a então presidente do TJCE, desembargadora Maria Nailde Pinheiro Nogueira, e a presidente da SAC, Maria Lizélia Sá e Almeida Soares, firmaram um convênio para a implementação do programa, concebido pela Assessoria de Comunicação do Tribunal. Por meio da iniciativa, o Poder Judiciário custeou a produção de 330 cartilhas em Braille e doou para os estudantes.

O trabalho teve continuidade com o atual presidente do TJCE, desembargador Abelardo Benevides Moraes, que deu total apoio para realização da primeira visita-guiada dos alunos do Instituto Hélio Góes, em abril deste ano. Na ocasião, eles conheceram a estrutura de funcionamento do Fórum Clóvis Beviláqua e acompanharam uma sessão de julgamento do júri.

Já em setembro, os estudantes retornaram ao Fórum para acompanharem três palestras com profissionais que atuam no sistema de Justiça. Elas foram proferidas pelo servidor Marlin Rodrigues, cego dos dois olhos, que trabalha no 1º Juizado Especial Cível do bairro Antônio Bezerra; advogado Aurenilo Oliveira, também cegos dos dois olhos; e pelo juiz Edilberto Lima (visão normal), da 1ª Vara do Júri de Fortaleza.