Blitz na Praia do Futuro alerta sobre defesa da mulher
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- 01-12-2009
30.11.09
Quem passou pela Praça 31 de Março, ontem, domingo (29/11) pela manhã, viu que a Praia do Futuro ganhou novas cores: com faixas e cartazes roxos, mulheres realizaram a blitz da Campanha ?Fortaleza contra a Violência e pela Vida das Mulheres?. Distribuindo panfletos e cartazes para cada carro que parava no entroncamento da Avenida Santos Dummont com Dioguinho, um grupo, pertencente à Coordenadoria Especial de Políticas para as Mulheres da Prefeitura, apresentava a Lei Maria da Penha (Lei 11.340) e informava os locais onde se buscar ajuda ou fazer denúncia em caso de agressões. Em clima de sol e mar, o corretor Bosco Lima aprovou a iniciativa e prometeu entregar à esposa o folder explicativo. ?É bom que a mulher conheça seus direitos. Pena nem todas tenham coragem para se defender?, frisou o motorista. Os dados no Ceará são alarmantes: os assassinatos de mulheres cresceram 21%; 113 mulheres foram mortas no Estado, em 11 meses, contra 93 no ano passado.
Entre tantos casos de violência e morte de mulheres, Fernanda (nome fictício) se orgulha de ter superado as suas dores ? físicas e emocionais – de um estupro sofrido há dois anos. Enquanto participava da blitz, ela narrou os sofrimentos de ter sido violentada. ?Foi horrível o que vivi, mas hoje eu uso isso para me fortalecer e lutar ainda mais para que nenhuma mulher passe pelo que eu passei?, disse a jovem ainda abalada com o fato. Questionada de como conseguiu supera a agressão, ela sorriu e disse que a maior ajuda veio de familiares, amigos e membros do Centro de Referência Francisca Clotilde, que lhe ajudaram a seguir em frente. ?Eu tenho direito de ser feliz. Vou continuar ajudando para que outras fujam das opressões vividas em casa e tenham coragem de denunciar os agressores?, disse Fernanda enquanto distribuía cartazes nos carros parados no semáforo de trânsito.
Conhecimento dos direitos
Lançada no último dia 16 de novembro, a campanha ?Fortaleza contra a Violência e pela Vida das Mulheres? tem atuado na promoção e difusão de direitos. Comentando que, apesar de muitas mulheres conhecerem a lei, ainda falta nelas um impulso que as motive de romper com o ciclo da violência. ?Em parte, algumas já sabem como se defender, mas queremos que os equipamentos de proteção sejam mais conhecidos e acessados. Infelizmente, muitas companheiras ainda têm aguentando abusos e precisamos ajudá-las?, frisou Raquel Viana, coordenadora da Coordenadoria Especial de Políticas para as Mulheres. Ela comentou que o discurso do machismo ainda faz muitas vítimas e põe a mulher como possível impulsionadora da violência. Para Raquel Viana, a sociedade ainda reafirma a ideia de que a culpa é da embriaguez do marido, do estresse da família, da esposa que provocou ciúmes no marido ou da namorada que usou roupas curtas demais.
Apesar do Disque-Denúncia (0800.280.0804) não funcionar 24 horas por dia, a coordenadora adjunta do Centro de Referência, Eneuza Costa, afirmou que cerca de 20 pessoas ligam à procura de informações e de auxílios técnicos para dar queixa dos parceiros agressores. ?Nossa vontade era que o serviço fosse toda dia e toda hora, mas infelizmente não é. Existe também um número nacional de denúncia que atua o dia todo, é o 180?, informou Eneuza Costa contando que não é somente a vítima que liga, mas sim, vizinhos e amigos que não silenciam diante de gritos de possíveis vítimas no bairro. Ela também frisou a importância de se acionar o Ronda do Quarteirão para fazer a queixa.
Curiosa com a blitz da Prefeitura, a jovem Fabiane Barros atrasou um pouquinho sua ida à praia para ter mais informações e saber ? caso precise um dia ? onde fazer as denúncias. Ela comentou que onde mora, na Favela do Caroço, na Praia do Futuro, nunca presenciou um caso de violência contra alguma vizinha, mas, desde que soube da Lei Maria da Penha, vem divulgando para todo mundo. ?Ninguém deve aceitar abuso de marido e levar pancada de seu ninguém. Temos que ser respeitadas e amadas. Damos maior duro para cuidar dos filhos e do marido e não vamos ficar caladas e dizer sim para tudo?, disse Fabiane Barros, refutando as piadinhas do companheiro que insistia em questionar do por que não haver uma delegacia de defesa dos homens. ?Vocês não sofrem nem metade do que a gente. Nós apanhamos daqueles que deviam nos dar amor?, disse zangada com o namorado. (Ivna Girão, da Redação – O Estado ).
Onde buscar ajuda
Delegacia de Defesa da Mulher:
Rua Manuelito Moreira, 12 ? Centro ? Tel. 3101.2495 ou 3101.2496.
Núcleo de Defesa dos Direitos da Mulher ? Defensoria Pública:
Rua Padre Francisco Pinto, 363 ? Benfica ? Tel. 3281.2499.
Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher:
Av. da Universidade, 3281 ? Benfica ? Tel: 3433. 8785.
Centro de Referência Francisca Clotilde:
Rua Gervásio de Castro, 53 ? Benfica ? Tel. 3105. 3415.