A difícil tarefa de contratar empregados
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- 16-07-2010
Fortaleza 16.07
Num dia, uma peneira. Noutro, a cafeteira. Quando o rol de pequenos furtos praticados por uma babá contratada pela dona de casa Karine Azevedo parecia restrito aos utensílios domésticos, veio a ruptura: algumas roupas de banho sumiram. Era a hora do basta, dispensar a empregada e recomeçar a maratona para conseguir alguém hábil com crianças, de confiança, paciente e honesta. Não seria fácil.
Nunca é, e Karine, mãe de uma menina de dois anos e de um menino de cinco, sabe bem. Tanto que, em sete anos de casamento, 25 empregadas domésticas e babás passaram por seu endereço. ?Tenho dificuldade de todo tipo?, desabafa. ?Quem quer o serviço quer também que a folga seja quinzenal. Como elas moram no Interior, saem no fim de semana. As que moram em Fortaleza, não dormem em casa. Agora mesmo uma saiu daqui?. Karine acha que há escassez de boas profissionais no ramo e que o Bolsa Família, programa de distribuição de renda, fez esse mesmo mercado encolher.
É matemática, ela ensina. Se as candidatas a uma vaga de babá, por exemplo, podem ficar em suas cidades, não sairão para ganhar um salário na Capital. Karine lembra que, além dos pequenos furtos, também sofreu com problemas relacionados à saúde. Uma das domésticas que contratou era epiléptica. ?Ela tinha me dito antes. Todo mês comprava os remédios dela. Um dia, ela teve um ataque na cozinha?.
Segundo o Centro do Trabalhador Autônomo (CTA) do Sine-IDT, alguns cuidados devem ser tomados antes de contratar os serviços do empregado, seja ele diarista, caseiro, doméstica ou babá. Gilvan Mendes, chefe do setor de promoções do CTA, recomenda que o empregador obtenha informações precisas e seguras a respeito de quem pretende contratar, ainda que temporariamente. ?Documentos, comprovantes de residência?, enumera. Para ele, ?fica a critério do empregador pedir antecedentes criminais?. Mesmo sem passagem pela Polícia, o caseiro Rômulo Ribeiro Coelho cometeu duplo homicídio na última segunda-feira, matando o casal de empresários Marcos Sérgio Ferrari e Maria Cristina Saad Studart.
Sem tempo
A assistente social Estela Fernandes, 27 anos, desistiu de procurar uma profissional para cuidar da filha. No mês que vem, ela a matricula em uma creche. ?Já tive várias, mas elas ficavam dois meses, três?. Conforme Estela, há grande dificuldade para garimpar uma babá ou uma doméstica.
E-MAIS
O Centro do Trabalhador Autônomo (CTA) do Sine-IDT capacita profissionais para a inserção no mercado de trabalho nas áreas de cozinha, serviços gerais e outras atividades domésticas, como lavagem e passagem de roupa.
O órgão é rigoroso, e faz uma triagem em seus candidatos, que são submetidos a testes psicológicos e assistem a palestras continuamente.
Segundo Gilvan Mendes, chefe do setor de promoções do CTA, os profissionais que se inscrevem no programa de treinamento fazem também testes de aptidão e conhecimento básico sobre a área de atuação pretendida.
?Nessa etapa, algumas pessoas já saem, porque não têm conhecimento. Desde o começo, existem esses cuidados?, explica Gilvan Mendes.
O CTA também verifica algumas referências particulares, como endereço e passagens por outras empresas. Em alguns casos, visitas são feitas até a residência dos candidatos.
?A intenção do projeto é melhorar o nível da renda e inserir as pessoas no mercado de trabalho?, esclarece Gilvan Mendes.
Os profissionais que saem do CTA contam com carta de recomendação, fardamento e crachá de identificação.
Entretanto, os procedimentos do CTA não dispensam os empregadores de assumirem pequenos cuidados na hora de contrair algum serviço autônomo, como o levantamento de antecedentes criminais.