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35 pacientes aguardam leitos de UTI na Capital cearense

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07.01.2010 Cidade
Enquanto não surgem leitos disponíveis em UTIs no hospital IJF, pacientes são atendidos na Área de Risco 1
Um paciente de 75 anos que está internado no Instituto Dr. José Frota (IJF) deverá ser transferido para uma leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por decisão judicial. Assim como ele, até a noite de ontem, pelo menos 35 pessoas, em toda a rede municipal de saúde, aguardavam leitos de UTI. Somente no Fortão, são 14 adultos que esperam por uma vaga.
De acordo com o superintendente do hospital, Messias Barbosa, até as 20 horas de ontem o doente já estaria na UTI. A vaga surgiu porque um outro paciente foi transferido para o Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), localizado em Messejana.
Além disso, o paciente apresentava um grau de prioridade elevado, devido ao seu estado. Conforme explicou o superintendente, “existem níveis que chamamos de zero, um e dois, que variam conforme a gravidade, o grau de sofrimento, as condições de reversão do quadro clínico e de sobrevivência do paciente”.
O superintendente disse ainda, que independente de decisão judicial, F.A.M, de 75 anos, já seria encaminhado de forma imediata assim que algum paciente recebesse alta, ou ocorresse algum infortúnio.
Enquanto as vagas não surgem, alguns pacientes internados no Frotão esperam em uma área chamada de “Risco 1”.
Neste ambiente são mantidos de 16 a 20 leitos. E lá, mesmo os pacientes com indicação de UTI, que estão com risco eminente de morte, podem passar entre um a cinco dias sem comprometer o tratamento.
Para o médico Heládio Feitosa, coordenador da Central de Referência e Regulação de Internação de Fortaleza, o número de 35 pessoas na lista de espera está dentro da média histórica. “Essa fila é muito dinâmica e também é baseada na evolução clínica do paciente, assim que eles dão entrada no hospital várias medidas são adotadas com vista na recuperação do internado. Algumas pessoas demonstram melhoria significativa, deixando, então, de precisar da UTI Daí o numero da fila já muda, isso ocorre a todo momento”, explicou.
Justiça
A determinação judicial para a transferência do paciente para a UTI foi dada na terça-feira pelo juiz auxiliar Wotton Ricardo Pinheiro da Silva, do Plantão Judiciário na 8ª Vara da Fazenda Pública.
A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) disse que só se pronunciará sobre o caso após recebimento da notificação. Até a tarde de ontem, o departamento jurídico do IJF também não havia recebido a citação sobre o processo.
De acordo com a decisão judicial, além do encaminhamento do paciente para um leito adequado, o Município deverá se responsabilizar pelo custeio das despesas do doente até seu pronto estabelecimento, sob pena de multa diária de R$1.200,00.
A ação foi impetrada na última segunda-feira e argumenta que o doente estava em ambiente inadequado e exposto ao risco de uma infecção hospitalar podendo leva-lo ao óbito.
Esta informação, entretanto, não procede, segundo o superintendente do IJF. “A área é adequada para a manutenção da vida. Existe todo o aparato tecnológico e pessoal necessário. Respirador mecânico, monitoração dos sinais vitais, gasometria, suporte de laboratório e outros. O risco de contrair uma infecção existe em qualquer ambiente porque há uma flora bacteriana em toda e qualquer área”, ressaltou.
O paciente deu entrada no IJF após uma Acidente Vascular Cerebral (AVC). Ele está em coma e respira com ajuda de aparelhos. A assessoria de imprensa do hospital informou que o doente está sendo acompanhando regularmente.
MEMÓRIA
Déficit já é conhecido pelo poder público
O carência de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) na macrorregião de Fortaleza já havia sido noticiada pelo Diário do Nordeste em outras sete matérias no ano passado.
Na mais recente delas, em 15 dezembro, o titular da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Alexandre Mont´Alverne, havia revelado que o déficit chega a 40 leitos. O cálculo, explicou o secretário, foi baseado em parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde, que prevê de 2,5 a três leitos para cada mil habitantes, sendo que, destes, de cinco a dez por cento devem ser de terapia intensiva.
Naquela data, a fila de espera por uma vaga de UTI na macrorregião de Fortaleza registrou 27 pacientes, alguns de outras cidades que não têm vagas ou condições de atender casos mais complexos. De acordo com Mont´Alverne, todos os 578 leitos da área, incluindo públicos e privados, estão na capital.
Às vésperas do carnaval, outra matéria apontou que os pedidos de vaga em UTI provinham na maioria do Hospital Geral de Fortaleza (HGF).
JANAYDE GONÇALVES
REPÓRTER