Tribunal dará total apoio à criação da Justiça Juvenil Restaurativa no Ceará, garante Des. Suenon Mota

Mesa de abertura do Seminário: Anselmo Lima, Antonia Sousa, Suenon Mota e Alfredo Romcy.
Mesa de abertura do Seminário: Anselmo Lima, Antonia Sousa, Suenon Mota e Alfredo Romcy.

“Nesse momento, está lançada a semente para se criar e efetivar a Justiça Juvenil Restaurativa no estado do Ceará, iniciativa que vem obtendo bons resultado no Rio Grande do Sul, ao promover a solução de conflitos e uma cultura de paz tanto para o adolescente em conflito com a lei como em relação à própria vítima e à comunidade em geral.”
O anúncio foi feito pelo desembargador Francisco Suenon Bastos Mota, presidente da Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional (Cejai) e titular da Coordenadoria da Infância e da Juventude (CIJ) do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), na abertura do “Seminário Sinase e a Justiça Juvenil Restaurativa: Possibilidades e Desafios na Atuação do Sistema de Garantia de Direitos”, ocorrido na manhã desta quinta-feira (21/06), no auditório da Escola Superior da Magistratura do Estado do Ceará (Esmec).
“A Coordenadoria da Infância e da Juventude do Tribunal de Justiça dará todo apoio necessário para que a Justiça Juvenil Restaurativa seja implementada, para que possamos ter sempre como objetivo uma solução mais efetiva dos conflitos”, garantiu o magistrado, acrescentando que “jamais deixaremos de participar de momentos que visem ao aperfeiçoamento e à adequação de medidas que possam das solução para os conflitos sociais provocados por adolescentes em conflito com a lei”.
A Mesa de abertura do Seminário foi composta pelo desembargador Suenon; a promotora de justiça Antonia Lima Sousa, coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude (Caopij); o advogado Alfredo Romcy, representante da Defensoria Pública do Estado; e Anselmo Lima, representante da Fundação “Terre des Hommes” no Brasil. O evento foi prestigiado pelo juiz coordenador da Esmec, Emílio de Medeiros Viana.

Juiz Leoberto Brancher debate Justiça Restaurativa no auditório da Esmec.
Juiz Leoberto Brancher debate Justiça Restaurativa no auditório da Esmec.
PALESTRAS

O primeiro painel do Seminário, intitulado “As práticas restaurativas no atendimento ao adolescente envolvido em ato infracional e sua articulação com o sistema de garantia de direitos”, foi apresentado pelo juiz da Vara de Caxias do Sul/ TJRS, Leoberto Brancher. Ele abordou , inicialmente, a atuação do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), instituído pela Lei nº 12.594, de 18 de janeiro de 2012.
O Sinase é um conjunto ordenado de princípios, regras e critérios que envolvem a execução de medidas socioeducativas, incluindo-se nele, por adesão, os sistemas estaduais, distrital e municipais, bem como todos os planos, políticas e programas específicos de atendimento a adolescente em conflito com a lei.
Brancher foi bastante aplaudido quando criticou a violência praticada pelo próprio Estado na forma como trata crianças e adolescentes em conflito com a lei. “Não podemos fazer Justiça Restaurativa se antes não fizermos um Justiça ampla. E esta deve ser baseada em critérios de segurança, em critérios técnicos na hora de sua aplicação e na contenção dos excessos do Estado”, afirmou.
Em relação às medidas socioeducativas previstas no art. 35 da Lei 12.594/12, o magistrado considerou as quatro primeiras (de um total de nove) as mais importantes e, ao longo de sua palestra, reforçou a necessidade de serem observadas sobretudo pelo estado. São elas: não pode o adolescente receber tratamento mais gravoso do que o conferido ao adulto; excepcionalidade da intervenção judicial e da imposição de medidas, favorecendo-se meios de autocomposição de conflitos; prioridade a práticas ou medidas que sejam restaurativas e, sempre que possível, atendam às necessidades das vítimas; e proporcionalidade em relação à ofensa cometida.

Juízes Vera Deboni,  Leoberto Brancher e Alda Holanda.
Juízes Vera Deboni, Leoberto Brancher e Alda Holanda.
O debate prosseguiu com o segunda painel do dia, a cargo da juíza de Direito da 3ª Vara da Infância e Juventude de Porto Alegre e Coordenadora da Central de Práticas Restaurativas, Vera Deboni, que falou sobre “O fluxo e os seus resultados no atendimento aos adolescentes envolvidos em ato infracional: a experiência de Porto Alegre”.