Segundo dia do Congresso de Direito de Família começa com palestras sobre oitiva de crianças e direito sucessório
Na manhã desta sexta-feira (19/05) foi dada continuidade ao VI Congresso Cearense de Direito de Família e Sucessões, evento promovido pelo Instituto Brasileiro de Direito de Família no Ceará (IBDFAM-CE), que acontece no auditório da Escola Superior da Magistratura do Estado do Ceará (Esmec).
Os temas abordados foram “A oitiva das crianças e o CPC/2015”, com a psicóloga Beatrice Marinho Paulo, perita do Ministério Público do Rio de Janeiro, que discutiu assunto semelhante em palestra realizada ontem na Esmec; e “Autonomia privada no direito sucessório”, a cargo do professor Marcelo Truzzi Otero, mestre e doutor em Direito, autor de livros e artigos doutrinários e diretor do IBDFAM-SP.
Segundo Beatrice Marinho, as pessoas tendem a dar mais atenção às provas materiais, mas estas são insuficientes ou inexistentes quando o caso envolve apenas relatos de vítimas ou testemunhas. “A prova material é dificultada quando a questão depende da fala, como nos casos de abuso sexual de criança, que em geral não deixa prova física, os exames de corpo delito dão negativo ou não tem testemunhas: só a criança abusada e o abusador. O que temos é apenas a fala da criança”, afirmou.
A palestrante também considerou insuficiente o laudo psicológico nos casos de abuso, por sua imprecisão. “Ao se avaliar psicologicamente uma criança, as observações de seu comportamento e outros dados obtidos podem dizer respeito a causas não necessariamente relacionadas ao abuso. A fala da criança vai ser muito importante. Só que essa fala é baseada numa memória, e a criança precisa acessar isso. Quanto menor o tempo entre o fato ocorrido e a realização da oitiva especial, mais pura vai estar aquela memória. A criança vai lembrar de mais detalhes. Se deixar passar muito tempo, sua memória vai ter mais influências externas, pessoas que conversaram com essa criança podem sugestionar a sua memória etc.”
O evento prossegue na tarde de hoje com mais duas palestras: “Execução de alimentos”, a cargo de Fernanda Tartuce, doutora em Direito Processual pela USP e professora de cursos de pós-graduação em várias instituições de São Paulo; e “Novas conjugalidades e novas parentalidades”, com o professor Rodrigo da Cunha Pereira, presidente nacional do IBDFAM, doutor em Direito Civil pela UFPR e autor de vários artigos e livros em Direito de Família e Psicanálise. O Congresso será encerrado às 18 horas.